Tropas dos EUA começam a aterrar em Cabul para retirar norte-americanos
Com os taliban praticamente às portas da capital afegã, cada vez são mais os países europeus que encerram as suas embaixadas e se preparam para as evacuar.
Depois de ter passado os últimos meses a desocupar bases, desmantelar infra-estruturas e a retirar do Afeganistão os últimos 2500 militares que lá se encontravam quando o Presidente, Joe Biden, confirmou a retirada total, em Abril, os Estados Unidos decidiram enviar agora 3000 soldados em sentido contrário, para retirar do país a maioria do seu pessoal diplomático e civil. Os primeiros aterraram esta sexta-feira à tarde no aeroporto internacional de Cabul, à medida que os taliban continuam os seus avanços em direcção à capital afegã.
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Depois de ter passado os últimos meses a desocupar bases, desmantelar infra-estruturas e a retirar do Afeganistão os últimos 2500 militares que lá se encontravam quando o Presidente, Joe Biden, confirmou a retirada total, em Abril, os Estados Unidos decidiram enviar agora 3000 soldados em sentido contrário, para retirar do país a maioria do seu pessoal diplomático e civil. Os primeiros aterraram esta sexta-feira à tarde no aeroporto internacional de Cabul, à medida que os taliban continuam os seus avanços em direcção à capital afegã.
Segundo o Pentágono, os restantes militares vão chegar ao longo do fim-de-semana – as unidades mobilizadas, e cujo envio foi anunciado na quinta-feira, estão estacionadas em países da região.
Com os taliban a reclamar o controlo de 16 das 34 províncias afegãs, incluindo a cidade de Pul-e-Alam, capital da província de Logar, situada a apenas a 50 km a sul da capital afegã, ninguém arrisca prever quanto tempo levará até tentarem tomar Cabul. Só na sexta-feira, o grupo assegurou a conquista de mais quatro capitais de província, depois de na noite anterior ter forçado a rendição das forças do Governo em duas das principais cidades do país, Herat, no Ocidente, e Kandahar, no Sul.
Os EUA terão de longe a maior representação diplomática na cidade, mas vários países europeus decidiram não perder mais tempo e preparam-se para lançar operações semelhantes. O Reino Unido, que tal como os EUA quer ainda acelerar a saída do país de alguns dos afegãos que trabalharam para as suas forças e esperam pela resposta aos seus pedido de visto, foi o primeiro país europeu a anunciar o envio de tropas para tirar os civis, com 600 soldados a caminho. Seguiu-se o Canadá, que vai mandar forças especiais para tirar o pessoal da sua embaixada, que vai depois encerrar.
Ao longo do dia foram-se sucedendo os anúncios de países que vão retirar o pessoal não essencial das embaixadas ou encerrá-las temporariamente: Suíça, Dinamarca, Finlândia, Noruega estão de saída, enquanto os Países Baixos admitem ter de fechar a representação mas ainda não decidiram. França, por seu turno, repetiu um pedido para os seus cidadãos abandonarem o Afeganistão, enquanto a Alemanha vai reduzir o número de pessoal em Cabul ao “absoluto mínimo”.
O Governo alemão disse ainda que suspendeu todas as suas actividades nas regiões do país sob controlo dos taliban – em causa estão projectos de desenvolvimento e o objectivo é garantir que “nenhum financiamento é usado em áreas dos taliban”. Berlim quer ainda facilitar a entrada na Alemanha aos afegãos que trabalharam com a missão alemã no Afeganistão, assim como às suas famílias: “Não há tempo para burocracias, temos de agir”, afirmou o ministro do Interior, Horst Seehofer, admitindo a organização de “de voos charter ou a emissão de vistos depois da chegada à Alemanha”.
Pelo contrário, a República Checa fez saber que vai continuar com as deportações de afegãos que não vejam os seus pedidos de asilo aprovados, depois de vários países europeus (como a Dinamarca, a Alemanha ou os Países Baixos) terem suspendido as deportações de afegãos, independentemente do seu estatuto. “Não faremos excepções”, disse o ministro do Interior, Jan Hamacek.