Morreu Duarte Mendonça, que dedicou a vida a divulgar o jazz em Portugal
O organizador do Estoril Jazz, que começou em 1990, tinha 90 anos. Com ele vieram a Portugal muitos grandes nomes do jazz internacional.
Depois de uma vida a divulgar jazz em Portugal, organizando concertos, festivais, com o Estoril Jazz à cabeça, e cursos, Duarte Mendonça morreu na madrugada desta sexta-feira, em Cascais. Tinha 90 anos. A informação foi dada ao PÚBLICO pelo seu biógrafo, João Moreira dos Santos, que em 2009, em parceria com o produtor, organizou o festival Allgarve Jazz, e lançou em 2004 Duarte Mendonça: 30 Anos de Jazz em Portugal 1974-2004.
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Depois de uma vida a divulgar jazz em Portugal, organizando concertos, festivais, com o Estoril Jazz à cabeça, e cursos, Duarte Mendonça morreu na madrugada desta sexta-feira, em Cascais. Tinha 90 anos. A informação foi dada ao PÚBLICO pelo seu biógrafo, João Moreira dos Santos, que em 2009, em parceria com o produtor, organizou o festival Allgarve Jazz, e lançou em 2004 Duarte Mendonça: 30 Anos de Jazz em Portugal 1974-2004.
Duarte Mendonça nasceu em Olhão, no Algarve, em 1931, e descobriu o jazz aos 15 anos, primeiro através da rádio e depois por via dos discos que chegavam do estrangeiro. Viu o seu primeiro concerto de jazz em Cascais, concelho ao qual se manteve ligado o resto da vida, na década de 1950. Foi em 1972 que, pela mão do seu mentor Luís Villas-Boas, Duarte Mendonça se iniciou nas lides de produtor de espectáculos de jazz, no Cascais Jazz. Passados dez anos, começava o Jazz Num Dia de Verão, com nomes como Carmen McRae, Bobby McFerrin ou Chico & Von Freeman, que em 1990 se transformou no Estoril Jazz, um dos mais importantes festivais de jazz portugueses, que decorreu ininterruptamente até 2019 e que começou com a ideia de trazer nomes grandes do jazz para se estrearem no nosso país. Fundou também o Galp Jazz em 1988, por onde passaram Archie Shepp, Betty Carter, Etta Jones ou Joe Lovano.
No mesmo ano inaugural do Estoril Jazz, que teve nomes como Clark Terry, Marcus Roberts, Kenny Burrell ou Rufus Reid, começaram também os cursos internacionais Projazz, em que alguns destes músicos internacionais, como Terry, Burrell, Reid ou Barney Kessel, deram formações a músicos portugueses. Duraram até ao ano seguinte. O festival do Estoril teve uma grande longevidade: ao longo dos mais de 30 anos seguintes, foram ao Estoril, pela mão de Duarte Mendonça e a sua produtora, Projazz/DM Produções, vultos como Terence Blanchard, Sheila Jordan, Joe Henderson, Lionel Hampton, Sonny Rollins, Ahmad Jamal, Brad Mehldau, Maceo Parker, Nat Adderley, Ray Brown, McCoy Tyner, Woody Herman, Mulgrew Miller, Diana Krall, Charles Lloyd, Wayne Shorter, Dave Holland, Branford Marsalis, Kenny Garrett, Roy Haynes ou Chick Corea.
Com Villas-Boas, cuja parceria manteve até 1988, esteve envolvido noutros festivais além do de Cascais e na organização de concertos de vultos como Bill Evans, Art Blakey and the Jazz Messengers, Horace Silver, Stan Getz, Dexter Gordon ou Gary Burton. Duarte Mendonça também esteve envolvido na produção de vários concertos no Centro Cultural de Belém e no Casino Estoril, com músicos como Tony Bennett, Stéphane Grappelli, Charlie Haden, Keith Jarrett, Jack DeJohnette e Gary Peacock, ou Dave Brubeck, no caso do espaço cultural de Belém, ou Michel Legrand, George Benson e Celia Cruz com Tito Puente, no caso do Casino Estoril. Além da música, trabalhou também na indústria automóvel.
Marcelo Rebelo de Sousa já lamentou a morte do divulgador. “A história do jazz em Portugal é também a história dos seus divulgadores, entre os quais se destacou Duarte Mendonça”, pode ler-se numa nota de pesar publicada no site da Presidência da República.
O velório do produtor realiza-se na próxima segunda-feira, às 18h, no Centro Funerário de Alcabideche. Será cremado no dia seguinte.