Rainha de um país sem sossego

Um demorado percurso biográfico da vida pessoal e cívica da rainha onde falta o frémito da turbulência que assolou o seu reinado.

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Meia centena de retratos em tela mas em escasso número os bons registos da rainha no género “retrato de aparato” DR

D. Maria da Glória reinou desde a instauração do regime liberal, em 1834, até pouco depois do advento da Regeneração em 1851. O seu reinado durou quase o exacto tempo da “guerra de todos contra todos”, como lhe chamou Fátima Bonifácio, num ensaio de 1992. Um tempo de guerrilha política permanente entre facções irredutíveis mascaradas de “partidos” (setembristas, cartistas, cabralistas...) e que faziam das eleições não um dispositivo de compromisso político e de alternância no poder mas, sobretudo, um campo de batalha para aniquilar o adversário (antes, durante ou depois das ditas...) recorrendo ao protesto, à conspiração, ao golpe e à insurreição. Foi a época do “punhal” e do “cacete”, ou o “reinado da frase e do tiro”, na expressão de Oliveira Martins. E a Coroa, acrescente-se em abono da verdade, com a sua prerrogativa de dissolução do parlamento, também acabava por alimentar tais facciosismos partidários. Como se glosava num jornal da época, “Ministério que dura mais de três meses já tem o nome de antigo e o que vence os seis meses já passa por eterno”. Em resumo, como justamente se lamentava D. Maria em carta a sua prima Vitória, rainha de Inglaterra, um país “onde nunca se podia estar sossegado”, onde a “maldita política” lhe tirava a tranquilidade necessária a uma natural e forte vocação de esposa e mãe.

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D. Maria da Glória reinou desde a instauração do regime liberal, em 1834, até pouco depois do advento da Regeneração em 1851. O seu reinado durou quase o exacto tempo da “guerra de todos contra todos”, como lhe chamou Fátima Bonifácio, num ensaio de 1992. Um tempo de guerrilha política permanente entre facções irredutíveis mascaradas de “partidos” (setembristas, cartistas, cabralistas...) e que faziam das eleições não um dispositivo de compromisso político e de alternância no poder mas, sobretudo, um campo de batalha para aniquilar o adversário (antes, durante ou depois das ditas...) recorrendo ao protesto, à conspiração, ao golpe e à insurreição. Foi a época do “punhal” e do “cacete”, ou o “reinado da frase e do tiro”, na expressão de Oliveira Martins. E a Coroa, acrescente-se em abono da verdade, com a sua prerrogativa de dissolução do parlamento, também acabava por alimentar tais facciosismos partidários. Como se glosava num jornal da época, “Ministério que dura mais de três meses já tem o nome de antigo e o que vence os seis meses já passa por eterno”. Em resumo, como justamente se lamentava D. Maria em carta a sua prima Vitória, rainha de Inglaterra, um país “onde nunca se podia estar sossegado”, onde a “maldita política” lhe tirava a tranquilidade necessária a uma natural e forte vocação de esposa e mãe.