Emprego regressou aos níveis pré-pandemia

Ao contrário da actividade económica, que continua abaixo dos níveis pré-crise, o número de empregos já recuperou e está a um nível superior ao de há dois anos. A taxa de desemprego continua ligeiramente acima, em 6,7%.

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Paulo Pimenta

Pela primeira vez desde o início da crise, o número de pessoas empregadas em Portugal registou, no segundo trimestre deste ano, um valor superior ao verificado antes da chegada da pandemia, um resultado que confirma que este indicador apresenta, na actual conjuntura, uma evolução mais favorável do que a da economia.

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Pela primeira vez desde o início da crise, o número de pessoas empregadas em Portugal registou, no segundo trimestre deste ano, um valor superior ao verificado antes da chegada da pandemia, um resultado que confirma que este indicador apresenta, na actual conjuntura, uma evolução mais favorável do que a da economia.

De acordo com os dados publicados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) nesta quarta-feira, registou-se, no segundo trimestre de 2020, um aumento de 128,9 mil empregos em Portugal face ao primeiro trimestre do ano e de mais de 200 mil empregos face ao trimestre homólogo do ano anterior. É um acréscimo de 2,8% em cadeia e de 4,5% face ao período homólogo, num trimestre em que a economia cresceu 4,9% em cadeia e 15,5% em termos homólogos

No entanto, esta variação em cadeia menos positiva do emprego neste trimestre não impede que, quando se olha para a evolução dos indicadores desde o início da pandemia, seja evidente a forma mais positiva como o emprego resistiu à crise. Os números publicados pelo INE mostram que, face ao primeiro trimestre de 2020, o último sem o efeito da pandemia, passou agora a registar-se uma subida no nível do emprego, com mais 66 mil pessoas empregadas. E que, face ao segundo trimestre de 2019 (para evitar os efeitos da sazonalidade), o número de empregos é 0,8% maior (mais 36 mil empregos). 

É a primeira vez que, nos dados trimestrais do emprego, se regista um regresso aos níveis pré-pandemia, algo que não acontece com o valor do PIB, que no segundo trimestre deste ano ainda estava 4,7% abaixo do registado antes da crise.

O ritmo de crescimento mais lento que agora se regista é explicado pelo facto de, no início da crise, quando a actividade económica se contraiu severamente, o nível do emprego ter caído de forma muito mais moderada. Isso aconteceu, em larga medida, devido às medidas de apoio colocadas em prática, nomeadamente o layoff simplificado, que evitou uma onda de despedimentos em massa na face inicial da crise.

Quando se olha para a taxa de desemprego, contudo, ainda não se verifica um regresso completo aos níveis anteriores à crise. Este indicador tem sido, durante a pandemia, afectado pelo facto de as medidas de confinamento limitarem a possibilidade de as pessoas procurarem activamente um emprego, o que as faz com que fiquem classificadas como inactivas, em vez de desempregadas. Isso conduziu, por exemplo, a que no auge da crise, no segundo trimestre de 2020, a taxa de desemprego até tivesse descido. Agora, à medida que esse efeito desaparece, a taxa de desemprego apresenta uma evolução menos favorável que a do emprego.

No segundo trimestre deste ano, revela o INE, a taxa de desemprego diminuiu de 7,1% para 6,7%. Ainda assim, é um valor superior aos 5,7% do período homólogo (fortemente afectado por questões metodológicas) e que fica também ligeiramente acima dos 6,3% que se verificavam no segundo trimestre de 2019.

Já a taxa de subutilização do trabalho, que inclui os inactivos disponíveis para trabalhar, foi de 12,3%, menos 1,8 pontos percentuais que no trimestre anterior e menos dois pontos que no trimestre homólogo do ano anterior. Neste caso, o valor é também já inferior ao registado antes da crise, já que no segundo trimestre de 2019, a taxa de subutilização do trabalho estava nos 12,7%.

Onde é possível ainda observar um sinal de persistência dos efeitos da crise no mercado de trabalho é entre os mais jovens. Há dois anos, no segundo trimestre de 2019, havia em Portugal 191,5 mil jovens que não estavam nem empregados, nem em educação ou formação. Agora, apesar da diminuição dos últimos trimestres, esse valor ainda é mais alto, situando-se em 210,5 mil no segundo trimestre de 2021.