Em pouco mais de três meses, os taliban saíram dos bastiões rurais que lhes garantiam uma base para ataques esporádicos e os protegiam do poder do Exército americano e apoderaram-se de 65% do território do Afeganistão, de mais de metade das circunscrições administrativas do país e de oito das suas 34 capitais provinciais. Se há uma prova do extraordinário falhanço de 20 anos da ocupação norte-americana e dos seus aliados, está neste impressionante progresso militar. Se faltava um exemplo para destruir a utópica, embora romântica, ideia da “construção de nações” (a famosa nation building que animou a guerra do Iraque), encontra-se hoje na violência e no pavor que assalta a vida de milhões de afegãos. Quando o último contingente norte-americano deixar Cabul, lá para o final do mês, o Afeganistão juntar-se-á à lista das guerras que, por arrogância, desleixo, impossibilidade ou desespero, o Ocidente perdeu nas últimas décadas.
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Em pouco mais de três meses, os taliban saíram dos bastiões rurais que lhes garantiam uma base para ataques esporádicos e os protegiam do poder do Exército americano e apoderaram-se de 65% do território do Afeganistão, de mais de metade das circunscrições administrativas do país e de oito das suas 34 capitais provinciais. Se há uma prova do extraordinário falhanço de 20 anos da ocupação norte-americana e dos seus aliados, está neste impressionante progresso militar. Se faltava um exemplo para destruir a utópica, embora romântica, ideia da “construção de nações” (a famosa nation building que animou a guerra do Iraque), encontra-se hoje na violência e no pavor que assalta a vida de milhões de afegãos. Quando o último contingente norte-americano deixar Cabul, lá para o final do mês, o Afeganistão juntar-se-á à lista das guerras que, por arrogância, desleixo, impossibilidade ou desespero, o Ocidente perdeu nas últimas décadas.