Descoberto no mar da Sicília embarcação romana carregada de ânforas portuguesas

Mais de 1500 anos após o naufrágio, a embarcação romana guarda numerosas ânforas do tipo Almagro 51C (produzidas em Portugal), usadas frequentemente para o comércio de garum, um molho de peixe fermentado de origem ibérica muito apreciado em todo o império.

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A embarcação romana foi localizada graças à tecnologia de sonar e a avançadas ferramentas robóticas DR

Uma equipa de investigadores localizou a quase cem metros de profundidade no mar da Sicília, Sul de Itália, uma embarcação romana datada entre os séculos IV e V, que naufragou carregado de ânforas, vindo da Península Ibérica. A descoberta aconteceu a 98 metros de profundidade nas águas das ilhas Égadas, junto à cidade costeira de Trapani, no extremo ocidental da Sicília, segundo os media locais, citados pela agência espanhola Efe.

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Uma equipa de investigadores localizou a quase cem metros de profundidade no mar da Sicília, Sul de Itália, uma embarcação romana datada entre os séculos IV e V, que naufragou carregado de ânforas, vindo da Península Ibérica. A descoberta aconteceu a 98 metros de profundidade nas águas das ilhas Égadas, junto à cidade costeira de Trapani, no extremo ocidental da Sicília, segundo os media locais, citados pela agência espanhola Efe.

Mais de 1500 anos após o naufrágio, a embarcação romana guarda numerosas ânforas do tipo Almagro 51C (produzidas em Portugal), usadas frequentemente para o comércio de garum, um molho de peixe fermentado de origem ibérica muito apreciado em todo o império. A zona onde foi feita a descoberta está a ser rastreada por uma equipa de investigadores a bordo do navio Hércules da fundação RPM Nautical, uma operação coordenada pela Superintendência do Mar do Governo regional siciliano e pela Universidade de Malta.

A superintendente Valeria Li Vigni festejou esta “excepcional descoberta” e apontou que serve para demonstrar que o mar da Sicília é “uma fonte inesgotável de micro-histórias” que ajudam a conhecer a história de todo o Mediterrâneo. A embarcação romana foi localizada graças à tecnologia de sonar e a avançadas ferramentas robóticas como submarinos teleguiados, que recolheram dados que vão permitir que seja replicada em três dimensões no próximo ano, segundo os investigadores.

A fundação desenvolveu duas operações de busca nesta zona com o objectivo de encontrar reminiscências arqueológicas da batalha das ilhas Égadas, que em meados do século III a.C. (antes de Cristo) pôs fim à primeira das três Guerras Púnicas, que opuseram o império romano a Cartago pelo domínio do mar Mediterrâneo.

No passado mês de Julho foram encontrados dois esporões de bronze que se colocavam na proa das galeras para atacar as embarcações inimigas. Nos últimos meses foram recuperados 18 esporões, dois cartagineses e 16 romanos, para além armaduras de soldados e até uma espada, entre outros artefactos. No final de Julho foi também encontrada uma embarcação romanda data do século II a.C., que naufragou junto a Isola de Femmine, frente à cidade de Palermo, que continha ânforas presumivelmente usadas para o transporte de vinho.