Mdou Moctar, guerrilheiro da guitarra, explode em amor e revolução

Afrique Victime, o novo álbum do nigerino, é o mais explosivo e poderoso dos seus discos. Uma carta de amor ao seu povo e à sua natureza, um grito de revolta que se ergue. Nada menos que magnífico.

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Cem Misirlioglu

Começa com o som de cigarras, de pássaros nos seus chilreios, galos a cacarejar. O som natural e passos a pisarem a solo arenoso. O motor de uma mota a arrancar. Estamos lá, no preciso local onde nasce esta música. É ela que se ouve agora, sobre as cigarras, os pássaros, os galos, os passos humanos e a motorizada. Som eléctrico, intenso: uma guitarra espiralar em direcção ao céu aberto, a secção rítmica em rodopio febril, e mais febril se tornará à medida que a música avança, a voz que vai da doçura ao grito que não percebemos exactamente se reage à energia do som, tradição moderna, folk tuaregue acometido de electricidade rock’n’roll, de êxtase Hendrixiano, se incita a banda a avançar mais determinada ainda no turbilhão. Começa com o som de cigarras, de pássaros, galos, passos no solo arenoso. E depois parte.