Simone Biles e Krystina Tsimanouskaya, as atletas da liberdade

Os grandes atletas que a história acolhe não se destacam apenas por grandes marcas ou grandes resultados, destacam-se também pelas lutas que açambarcam e pelo simbolismo que emanam.

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Reuters/LINDSEY WASSON

Quando, no longínquo ano de 776 a.C. um cozinheiro da cidade de Elis, de seu nome Coroebus, se tornou o primeiro campeão olímpico, estaria longe de imaginar que o seu nome seria eternizado como o primeiro vencedor daquela que é a maior competição desportiva da história da humanidade. No entanto, o evento desportivo cuja criação é mitologicamente tida como uma homenagem de Hércules a seu pai, Zeus, tornou-se muito mais do que um evento desportivo, garantindo um lugar no Olimpo da multiculturalidade e do convívio entre povos. Os grandes jogos são o apogeu da diversidade, do respeito humano, da interacção entre povos, gerações e, principalmente, culturas. A diversidade e a igualdade são os pilares basilares dos jogos, cuja liberdade de expressão, opinião e até política viram o seu apogeu alcançado quando, principalmente durante o século passado, serviram como meio de fuga a ditaduras opressoras, em direcção a sociedades mais livres, justas e democráticas.

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Quando, no longínquo ano de 776 a.C. um cozinheiro da cidade de Elis, de seu nome Coroebus, se tornou o primeiro campeão olímpico, estaria longe de imaginar que o seu nome seria eternizado como o primeiro vencedor daquela que é a maior competição desportiva da história da humanidade. No entanto, o evento desportivo cuja criação é mitologicamente tida como uma homenagem de Hércules a seu pai, Zeus, tornou-se muito mais do que um evento desportivo, garantindo um lugar no Olimpo da multiculturalidade e do convívio entre povos. Os grandes jogos são o apogeu da diversidade, do respeito humano, da interacção entre povos, gerações e, principalmente, culturas. A diversidade e a igualdade são os pilares basilares dos jogos, cuja liberdade de expressão, opinião e até política viram o seu apogeu alcançado quando, principalmente durante o século passado, serviram como meio de fuga a ditaduras opressoras, em direcção a sociedades mais livres, justas e democráticas.

A encarnação do espírito olímpico, no esplendor de todos os seus predicados, é uma tarefa auspiciosa e exigente, mas casos como Simone Biles e Krystina Tsimanouskaya são a maior prova de que a chama olímpica arde na alma da gente livre. A americana demonstrou, através do seu exemplo, as virtudes da coragem, abdicando da participação em finais nas várias modalidades de ginástica, cujas medalhas lhe estavam destinadas, como protecção da sua saúde mental. A vencedora de cinco medalhas na anterior edição dos Jogos Olímpicos decidiu afastar-se temporariamente da competição, preservando assim a sua saúde mental e tornando-se um símbolo da luta contra o que a própria apelidou de “demónios”. Por vezes, desistir é um enorme acto de coragem.

Já Krystina Tsimanouskaya, a velocista bielorrussa, encontrou refúgio na Polónia, país que lhe ofereceu um visto humanitário após uma alegada tentativa de sequestro perpetrada por responsáveis do comité bielorrusso. Krystina publicou vários vídeos nas redes sociais onde revela que apoiou os protestos contra o regime de Lukashenko e mantém contactos com dissidentes no interior do país, temendo, por isso, represálias no regresso àquela antiga república soviética.

Os grandes atletas que a história acolhe não se destacam apenas por grandes marcas ou grandes resultados, destacam-se também pelas lutas que açambarcam e pelo simbolismo que emanam.

A importância da saúde mental e a luta pela liberdade são os dois grandes vencedores desta edição dos Jogos Olímpicos que, através destas duas mulheres, Simone e Krystina, bateram todos os recordes olímpicos, porque a vitória das duas atletas foi a vitória de todos nós: a vitória da tolerância, do respeito, da democracia e, acima de tudo, da liberdade, que é a mais plena definição de espírito olímpico.