Bill Gates sobre a sua relação com Jeffrey Epstein: “Foi um grande erro”
Numa entrevista com Anderson Cooper, na CNN, Gates disse que ele e Epstein encontraram-se em vários jantares, nos quais o filantropo esperava angariar milhares de milhões de dólares para os seus projectos de filantropia na área da saúde global.
Quando, na noite desta quarta-feira, Bill Gates foi convidado a reflectir sobre o seu relacionamento com Jeffrey Epstein, o magnata que foi condenado por crimes sexuais e foi encontrado morto na prisão, o co-fundador da Microsoft lamentou ter-se encontrado com Epstein e reconheceu que fez “um grande erro”.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
Quando, na noite desta quarta-feira, Bill Gates foi convidado a reflectir sobre o seu relacionamento com Jeffrey Epstein, o magnata que foi condenado por crimes sexuais e foi encontrado morto na prisão, o co-fundador da Microsoft lamentou ter-se encontrado com Epstein e reconheceu que fez “um grande erro”.
Numa entrevista com Anderson Cooper, na CNN, Gates disse que ele e Epstein encontraram-se em vários jantares, nos quais o filantropo esperava angariar milhares de milhões de dólares para os seus projectos de filantropia na área da saúde global, uma vez que Epstein tinha muitos conhecimentos. No entanto, esses encontros terminaram quando Gates percebeu que a perspectiva de financiamento para questões globais de saúde “não era uma coisa real”.
“Foi um grande erro despender tempo com ele, para lhe dar a credibilidade de eu estar lá”, nessas ocasiões, disse Gates, cujo património líquido é calculado em 130 mil milhões de dólares (109 mil milhões de euros). E acrescentou: “Havia muitos outros na mesma situação que eu, mas cometi um erro.”
O relacionamento de Gates com Epstein começou por volta de 2011. Mesmo depois de o magnata ter sido condenado, os dois homens continuaram a encontrar-se, na casa de Epstein em Manhattan, relatou o New York Times (NYT). Na altura, Epstein já se tinha declarado culpado de duas acusações de prostituição e cumprido 13 meses de prisão como parte de um acordo com a procuradoria de Miami, em 2008. Ainda segundo esse acordo, Epstein teve de se registar como criminoso sexual e pagar indemnizações às vítimas identificadas pelo FBI.
Depois de se encontrar com Epstein em 2011, Gates mandou um e-mail para colegas sobre como o “estilo de vida [do empresário] é muito diferente e um pouco enigmático”, mas que não funcionaria consigo. Sobre estas palavras, Bridgitt Arnold, porta-voz de Gates, disse ao NYT que o empresário referia-se à decoração da casa do magnata, bem como ao seu hábito de convidar pessoas que não faziam parte dos relacionamentos de Gates. Epstein queria que essas pessoas conhecessem o co-fundador da Microsoft.
Mais de uma década depois, Epstein foi acusado de liderar um grupo de tráfico sexual, que explorou sexualmente dezenas de raparigas, menores de idade, no início dos anos 2000. Um mês após a sua prisão por acusações de tráfico sexual, Epstein foi encontrado morto numa cela, em Agosto de 2019. A autópsia determinou que a sua morte foi resultado de suicídio por enforcamento, embora os seus advogados tenham afirmado que não ficaram satisfeitos com a conclusão.
“Seguir em frente”
Na mesma entrevista, Gates falou também sobre o seu divórcio de Melinda French Gates, que ficou concluído esta semana. O co-fundador da Microsoft classificou-o como tendo sido, “definitivamente, um marco muito triste” na sua vida.
Quando a notícia dos encontros do marido com Epstein se tornou pública, de acordo com o Wall Street Journal, Melinda contratou advogados para pedir o divórcio. Mas essa não foi a única razão, em Maio, Gates reconheceu, também através da sua porta-voz, que teve um caso extraconjugal com uma funcionária da Microsoft, o que pode ter levado a empresa a investigar o “relacionamento íntimo” e, pouco depois, à sua saída do conselho de administração.
Embora não esteja claro que papel a investigação ou o caso, que ocorreu há duas décadas, desempenhou na decisão de terminar o casamento de 27 anos, Melinda French Gates referiu no pedido de divórcio que a sua união foi “irremediavelmente rompida”. O casal publicou nas redes sociais comunicados semelhantes quando em Maio anunciaram a sua separação.
Na entrevista desta quarta-feira à CNN, Gates não quis entrar em detalhes sobre em que é que o relacionamento com Epstein contribuiu para o seu divórcio. “É um momento de reflexão e, neste ponto, preciso de seguir em frente”, disse a Anderson Cooper. “Em família, vamos tentar curar-nos o melhor que pudermos.”
O ex-casal, poderoso no mundo da filantropia, comprometeu-se a continuar junto na Fundação Bill e Melinda Gates, cujas doações de 65 mil milhões de dólares (55 mil milhões de euros) a torna numa das maiores fundações privadas do mundo. A té ao final de 2019, esta pagou quase 55 mil milhões de dólares (46 mil milhões de euros) em subsídios para projectos de saúde global, igualdade de género e redução da pobreza.
“Melinda tem uma energia incrível que contribui para ajudar a fundação a ser melhor”, declarou Gates nesta quarta-feira. “Sempre gostámos de nosso trabalho. Nós dois podemos sair e trabalhar com líderes e ajudar a construir a organização. Isso seria definitivamente o melhor para a fundação.”
Pressionado sobre se lamentava a forma como a situação havia se desenrolado, Gates foi conciso: “Certamente, toda a gente se arrepende.”
Exclusivo PÚBLICO/The Washington Post