Morreu a pianista e educadora Elisa Lamas

Figura fundamental do ensino da música em Portugal, integrou a direcção do Conservatório Nacional e a Comissão Instaladora da Escola Superior de Música de Lisboa. Tinha 95 anos.

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Elisa Lamas é autora da Sebenta de Harmonia com vista à realização do baixo-cifrado, editada pela Juventude Musical Portuguesa DR

A pianista e professora Elisa Paulina Ferreira Lamas, mais conhecida como Elisa Lamas, morreu na segunda-feira, aos 95 anos. Figura fundamental do ensino e da pedagogia da música em Portugal, descendia de instrumentistas e teve ela própria uma carreira nos palcos, paralelamente à sua actividade como formadora.

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A pianista e professora Elisa Paulina Ferreira Lamas, mais conhecida como Elisa Lamas, morreu na segunda-feira, aos 95 anos. Figura fundamental do ensino e da pedagogia da música em Portugal, descendia de instrumentistas e teve ela própria uma carreira nos palcos, paralelamente à sua actividade como formadora.

Nascida em 1926 em Paço de Arcos, Oeiras, no seio de uma família que incluía músicos como o avô António Lamas, violinista, violetista, coleccionador de instrumentos e um dos fundadores da Sociedade Nacional de Música de Câmara, ou o trisavô Francisco António Norberto dos Santos Pinto, compositor e professor, Elisa Lamas começou a estudar piano aos nove anos. Aos 13, iniciou os seus estudos sob a orientação de Botelho Leitão. Formou-se depois no Conservatório Nacional, diplomando-se em Piano e Composição, e ainda fez uma especialização na Áustria, no Mozarteum, em Salzburgo, tendo também passado por cursos de professores de Iniciação Musical.

Começou a dar aulas enquanto estudava, ingressando em 1952 no corpo docente do Conservatório Nacional, onde formou várias gerações de músicos e professores. Além disso, deu aulas no Centro de Estudos Gregorianos, que deu origem ao Instituto Gregoriano de Lisboa, e aulas particulares a músicos como Artur Pizarro. Após o 25 de Abril, integraria logo a partir de 1974 as comissões directas da Escola de Música do Conservatório, tendo participado na reestruturação dessa instituição de ensino em 1977. Também passou pela Comissão Instaladora e pelo Conselho Científico da Escola Superior de Música de Lisboa, até se ter aposentado.

Como instrumentista, participou, em 1943, no concerto inaugural da Sociedade de Concertos da Madeira, tendo também actuado como solista com a Orquestra do Teatro Nacional de São Carlos e com a Orquestra do Teatro São Luiz, e feito apresentações em muitos pontos do país, e ainda na RTP e na Emissora Nacional. Foi dirigida por maestros como Manuel Ivo Cruz e Filipe de Sousa.

No campo da pedagogia, foi autora, com Constança Capdeville e Maria Teresa Macedo, de programas para a disciplina de Formação Musical, tendo dirigido vários cursos de aperfeiçoamento para professores nessa área. Escreveu também a Sebenta de Harmonia com vista à realização do baixo-cifrado, editada pela Juventude Musical Portuguesa. Ocupou ainda cargos directivos em instituições como a Orquestra Filarmónica de Lisboa ou a Sociedade de Concertos Pró-Arte.

Entre os familiares da pianista e educadora, muitos dos quais tiveram aulas com a própria, contam-se nomes como o trompetista e compositor Tomás Pimentel, o engenheiro de som de cinema Vasco Pimentel, pai do pianista de jazz homónimo, e Paulo Pimentel, afinador de pianos, bem como a pianista Ana Jacobetty e a cantora Isabel Jacobetty.

O velório de Elisa Lamas terá lugar esta quinta-feira, a partir das 10h, na Igreja São João de Deus, em Lisboa. A missa está marcada para as 14h, seguindo depois o corpo para o Cemitério dos Prazeres.