Matrimónio à italiana

Um registo 100% clássico interessado em trabalhar dentro de convenções narrativas que nunca são, por maiores ou menores circunvoluções a que sejam submetidas, desafiadas.

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Encontrar Laura Morante e Silvio Orlando no elenco de Laços de Família, dois actores tão conotados com o universo de Nanni Moretti (sobretudo Orlando; mas Morante foi, há vinte anos, a mãe de O Quarto do Filho), lembra que, embora se pareçam ter dissipado muito, há contiguidades entre o cinema de Luchetti e do realizador de Palombella Rossa (a maior de todas: Il Portaborse” filme de 1991 que trouxe Moretti como actor protagonista ao cinema de Luchetti). E é verdade que Laços de Família, desenrolando-se no território da intimidade familiar, com ligeiras articulações com um comentário a diferentes tempos da sociedade italiana (entre os anos 80 e a época actual), não percorre caminhos totalmente estranhos aos que já vimos Moretti percorrer, de um filme como o citado O Quarto do Filho a algo mais recente como Minha Mãe. A diferença de fundo é, afinal, a diferença entre Moretti e Lucchetti: este último aponta, desde sempre (ou pelo menos desde há muito tempo), a um registo romanesco, se não 100% clássico interessado em trabalhar dentro de convenções narrativas que nunca são, por maiores ou menores circunvoluções a que sejam submetidas, propriamente desafiadas. E ao instalar-se aí, parece faltar sempre a Luchetti a força ou a inspiração para que as suas narrativas adquiram um peso que ultrapasse a relativa leveza da sua factura, e a pouco entusiasmante previsibilidade dos seus destinos.

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Encontrar Laura Morante e Silvio Orlando no elenco de Laços de Família, dois actores tão conotados com o universo de Nanni Moretti (sobretudo Orlando; mas Morante foi, há vinte anos, a mãe de O Quarto do Filho), lembra que, embora se pareçam ter dissipado muito, há contiguidades entre o cinema de Luchetti e do realizador de Palombella Rossa (a maior de todas: Il Portaborse” filme de 1991 que trouxe Moretti como actor protagonista ao cinema de Luchetti). E é verdade que Laços de Família, desenrolando-se no território da intimidade familiar, com ligeiras articulações com um comentário a diferentes tempos da sociedade italiana (entre os anos 80 e a época actual), não percorre caminhos totalmente estranhos aos que já vimos Moretti percorrer, de um filme como o citado O Quarto do Filho a algo mais recente como Minha Mãe. A diferença de fundo é, afinal, a diferença entre Moretti e Lucchetti: este último aponta, desde sempre (ou pelo menos desde há muito tempo), a um registo romanesco, se não 100% clássico interessado em trabalhar dentro de convenções narrativas que nunca são, por maiores ou menores circunvoluções a que sejam submetidas, propriamente desafiadas. E ao instalar-se aí, parece faltar sempre a Luchetti a força ou a inspiração para que as suas narrativas adquiram um peso que ultrapasse a relativa leveza da sua factura, e a pouco entusiasmante previsibilidade dos seus destinos.