Irão avisa Washington e Londres que qualquer acção contra os seus interesses “terá resposta firme”
Troca de ameaças acontece na véspera da tomada de posse de Raisi. Norte-americanos e britânicos responsabilizam iranianos por ataque a petroleiro operado por uma empresa israelita ao largo de Omã.
O Reino Unido e o Irão chamaram os respectivos diplomatas para consultas – o embaixador iraniano, no caso de Londres, e o encarregado de negócios britânico, no caso de Teerão – depois de o Governo britânico ter assinado um comunicado com os Estados Unidos e com Israel a acusar Teerão de estar por trás do ataque contra um petroleiro operado por uma empresa israelita. A explosão provocada pelo disparo de um drone matou dois membros da tripulação, um britânico e um romeno, no final da semana passada.
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O Reino Unido e o Irão chamaram os respectivos diplomatas para consultas – o embaixador iraniano, no caso de Londres, e o encarregado de negócios britânico, no caso de Teerão – depois de o Governo britânico ter assinado um comunicado com os Estados Unidos e com Israel a acusar Teerão de estar por trás do ataque contra um petroleiro operado por uma empresa israelita. A explosão provocada pelo disparo de um drone matou dois membros da tripulação, um britânico e um romeno, no final da semana passada.
O comunicado foi seguido de declarações duras: o primeiro-ministro, Boris Johnson, afirmou que o Irão deve “enfrentar as consequências”, descrevendo “um ataque inaceitável e ultrajante contra a navegação comercial”, enquanto o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, disse estar em consultas com governos da região “sobre a resposta apropriada, que chegará proximamente”. Ambos se afirmaram convencidos da responsabilidade iraniana.
Em reacção, Teerão avisa que “qualquer acção contra os interesses nacionais e de segurança do Irão terá uma resposta firme e decisiva”. Responsáveis do Ministério dos Negócios Estrangeiros citados pela agência de notícias Mehr dizem que as acusações foram formuladas “sem provas”.
O Mercer-Street foi atacado quando estava ao largo de Omã, numa região vital: o Estreito de Ormuz, entre o Golfo Pérsico e o Golfo de Omã, é a única via dos países do Golfo para o oceano aberto, e por onde passa mais de um sexto da produção global de petróleo e mais de um terço do gás natural liquefeito.
É nesta região que Israel e o Irão travam há anos uma guerra marítima na sombra, com frequentes ataques a navios, de parte a parte, no Golfo de Omã, ao mesmo tempo que aqui se multiplicam desde 2019 os incidentes entre Teerão e Washington.
A primeira a acção deste tipo com vítimas mortais ocorreu dias antes da tomada de posse do novo Presidente iraniano, o ultraconservador Ebrahim Raisi, esta terça-feira, e quando ainda decorrem esforços diplomáticos em Viena para reanimar o acordo sobre o programa nuclear iraniano.