Final de jogo dramático afasta Portugal do torneio de andebol

Derrota por um golo diante do Japão impediu a selecção nacional de se apurar para os quartos-de-final.

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Reuters/SUSANA VERA

Um final de jogo alucinante, com Portugal em inferioridade numérica, uma reviravolta no marcador e duas finalizações falhadas nos derradeiros segundos, foi determinante para afastar a equipa portuguesa do torneio olímpico de andebol. Ao perder por 30-31 diante do Japão, falhou um dos quatro primeiros lugares do grupo e vai regressar a casa, mas com o sentimento de ter deixado uma boa imagem em Tóquio.

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Um final de jogo alucinante, com Portugal em inferioridade numérica, uma reviravolta no marcador e duas finalizações falhadas nos derradeiros segundos, foi determinante para afastar a equipa portuguesa do torneio olímpico de andebol. Ao perder por 30-31 diante do Japão, falhou um dos quatro primeiros lugares do grupo e vai regressar a casa, mas com o sentimento de ter deixado uma boa imagem em Tóquio.

Quando, aos 3m21s, Portugal chegou ao 2-1, dificilmente se perspectivaria que viria a precisar de cerca de mais 37 minutos para voltar a estar em vantagem no marcador. Mas foi mesmo o que sucedeu. Frente a um adversário que, especialmente no primeiro tempo, pareceu sempre jogar uma velocidade acima, as dificuldades foram muitas.

Foram essencialmente as transições que causaram mossa à selecção nacional. Caindo recorrentemente na tentação de fazer ataques rápidos, pouco elaborados, permitiu muitas vezes que o Japão recuperasse a bola para sair disparado para o ataque. E a velocidade de execução dos nipónicos deixava-os permanentemente em situações favoráveis para finalizar.

Ainda assim, a diferença no marcador foi sendo, maioritariamente, de um golo (o máximo chegou a ser 13-16) e o intervalo chegou com 14-16, graças a um remate de Rui Silva mesmo em cima dos 30 minutos. Tornava-se necessário fazer mais no segundo tempo, ajudar um pouco mais o guarda-redes Humberto Gomes a ser ainda mais preponderante do que já estava a ser.

Recuperação e exclusão na parte final

Mais paciente em organização ofensiva e mais capaz defensivamente no reatamento do encontro, Portugal precisou de oito minutos para igualar a partida e de dez para retomar a dianteira do marcador, a 21-20. O Japão acusou o toque e, momentaneamente, perdeu lucidez, permitindo à equipa comandada por Paulo Pereira chegar aos dois golos de vantagem.

Quando parecia que os portugueses iam descolar no marcador, os japoneses trocaram de guarda-redes e a mudança resultou, com duas defesas consecutivas a frustrarem os pivots nacionais. E o equilíbrio foi-se prolongando, com o empate a ser reposto e depois situações permanentes de golo em ambas as balizas.

À entrada para os últimos três minutos, André Gomes fez o 29-28 numa altura em que Portugal tinha sofrido uma exclusão (Gilberto Duarte), mas o Japão respondeu com dois golos (um dos quais num 6x0) e entrou em vantagem nos últimos 60 segundos. Rui Silva esteve perto do empate, a bola saiu ao lado por centímetros, Paulo Pereira pediu um desconto de tempo, António Areia ainda reduziu, mas já não deu para mais.

Com quatro derrotas, em jogos quase sempre equilibrados (a excepção foi a segunda parte diante da Dinamarca), e uma vitória apenas na fase de grupos, Portugal encerrou a primeira participação olímpica da sua história. Com a tristeza sublinhada por jogadores e treinador, mas sem frustração.

“Sinto-me um pouco triste. Já disse várias vezes, em tom de brincadeira, que um dia vou escrever um livro e o título vai ser: O golo que falta”, começou por desabafar Paulo Jorge Pereira, em declarações à RTP, lamentando que em momentos decisivos Portugal não tenha conseguido marcar, como aconteceu diante da Suécia.

"Em Portugal, o desporto importa pouco. Organizamo-nos [como podemos] para combater com equipas de altíssimo nível, que se preparam para estas competições. Faltou a adaptação às oito horas de diferença. Vivemos em défice desde o início e sabíamos que este jogo, às 9h, ia ser uma condicionante enorme. Portugal pode fazer bem, mas é muito difícil competir com selecções que investem muito mais do que nós”, apontou o seleccionador. “Sinto-me orgulhoso, mas temos de fazer muito melhor do que isto”.