Portugal proíbe caça à rola-comum
Uma das espécies de aves mais representativas da fauna portuguesa desde 1993 viu os seus efectivos populacionais reduzidos em cerca de 80% a partir de 2004.
A caça à rola-brava, também conhecida por rola-comum (Streptopelia turtur), uma das espécies de aves mais representativa da fauna portuguesa, está temporariamente proibida, informou o Instituto de Conservação da Natureza e Floresta (ICNF) em nota divulgada ao final da tarde desta sexta-feira.
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A caça à rola-brava, também conhecida por rola-comum (Streptopelia turtur), uma das espécies de aves mais representativa da fauna portuguesa, está temporariamente proibida, informou o Instituto de Conservação da Natureza e Floresta (ICNF) em nota divulgada ao final da tarde desta sexta-feira.
O risco de extinção da rola-brava em Portugal e por toda a Europa, protegida no âmbito da Directiva Aves (DIRETIVA 2009/147/CE), fundamenta a decisão do ICNF, que ao longo dos últimos anos tem vindo a ser reclamada por várias organizações ambientalistas
O número de exemplares desta espécie tem diminuído acentuadamente nas últimas dezenas de anos, devido a dois factores principais: intensificação agrícola e caça excessiva. O Censo de Aves Comuns mostra uma regressão populacional acentuada da rola-brava desde 1994, com uma diminuição média de 80%, mais acentuada desde 2004.
Os estudos desenvolvidos ao nível da União Europeia (UE), em cooperação com os vários estados membros e organizações sectoriais sobre as populações de rola-comum da rota migratória ocidental, que abrange Portugal, indicam que “mesmo sem caça há uma probabilidade significativa de se manter o declínio da espécie”, declínio esse, que “aumenta em qualquer cenário” que envolva a pressão adicional originada pela caça, refere o ICNF.
Para mitigar o risco de extinção desta ave as medidas preventivas de gestão adaptativa, iniciadas em Portugal, tiveram sempre presente que para a questão ser abordada com a eficácia necessária “teriam de possuir uma abrangência supra nacional”, por se tratar de uma espécie migratória. Muitas das rolas-bravas que transitam por Portugal, durante o Verão, passam o Inverno em África. Daí a necessidade de implementar medidas de restauro do habitat e uma rigorosa monitorização da espécie e das ameaças, em Portugal, Espanha e nos vários países onde ocorre. Será também necessário avaliar eventuais ameaças nos seus locais de passagem e invernada.
Assim, é adoptada também em Portugal a “protecção temporária à rola-comum através da proibição da sua caça na época venatória de 2021-2022” estabelece o ICNF. A nível nacional encontra-se em fase final o lançamento dos trabalhos relativos ao “Plano de Recuperação e Conservação da Rola Comum”, preparado em conjunto com as organizações do sector da caça (OSC) e organizações não governamentais de ambiente (ONGA).
Com apoio do Fundo Florestal Permanente no valor de cem mil euros, pretende-se aumentar o conhecimento sobre esta espécie e determinar quais as variáveis de gestão que actualmente impactam as suas populações, “no sentido de encontrar medidas que permitam inverter o seu declínio” salienta o ICNF.
Encontra-se a decorrer junto do ICNF um procedimento concursal ao abrigo do Fundo Florestal Permanente, com uma dotação de quatro milhões de euros, para a atribuição de apoios às entidades gestoras de zonas de caça com o objectivo de apoiar investimentos de melhoria e gestão dos habitats, um factor que aquele organismo classifica de “essencial” para a recuperação das espécies de fauna selvagem.