Se governasse, Rio baixava IVA da restauração para 6% durante dois anos
Em entrevista ao Expresso, o líder do PSD afirma que, se Costa sair a médio prazo, “o PS parte-se todo”. Lamenta que o Governo não tenha querido negociar reformas e diz que apresenta agora as propostas estruturais do PSD, porque chegou a hora de “avançar” - mas promete endurecer o discurso de oposição a seis meses das eleições.
O líder do PSD diz que, por enquanto, ser oposição é “colaborar na construção do país numa óptica diferente e com alguma flexibilidade”, por isso, ainda tão longe de eleições legislativas, prefere fazer propostas, em vez de “dizer mal de tudo”: se estivesse no Governo agora, Rui Rio baixava o IVA da restauração para 6% durante dois anos para ajudar o sector a ultrapassar a crise. A proposta é lançada numa entrevista ao Expresso, em que o presidente social-democrata recusa a acusação de que o PSD ou não tem ideias ou elas não estão a passar, vincando de “não há nenhum partido em Portugal neste momento que tenha apresentado tantas ideias e propostas”.
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O líder do PSD diz que, por enquanto, ser oposição é “colaborar na construção do país numa óptica diferente e com alguma flexibilidade”, por isso, ainda tão longe de eleições legislativas, prefere fazer propostas, em vez de “dizer mal de tudo”: se estivesse no Governo agora, Rui Rio baixava o IVA da restauração para 6% durante dois anos para ajudar o sector a ultrapassar a crise. A proposta é lançada numa entrevista ao Expresso, em que o presidente social-democrata recusa a acusação de que o PSD ou não tem ideias ou elas não estão a passar, vincando de “não há nenhum partido em Portugal neste momento que tenha apresentado tantas ideias e propostas”.
“Ideias não faltam”, garante Rio, que diz mesmo que quem diz o contrário “é ignorante”, e que o PSD tem muitas propostas, do PRR e do lançamento da economia à revisão do sistema político e da Constituição – e são diferenças de fundo em relação aos socialistas, mas que estes não parecem querer fazer. Por isso, depois de ter feito “tudo o que era possível” para convencer o PS a sentar-se à mesa para negociar, Rio mudou a estratégia e resolveu pôr as propostas em cima da mesa, como Passos Coelho há pouco tempo defendeu que se devia fazer: “Já tentaste, se eles não querem, tens de avançar.”
“Andei a dizer que fazia, disseram-me sempre que não, então está aqui a proposta. Agora votam a favor, contra, fazem o que quiserem. Não posso cruzar os braços, até para os portugueses perceberem o que é que eu quero”, justifica-se Rio, que admite que a pandemia lhe trocou as voltas e que agora será mais difícil negociar com o PS ao mesmo tempo que enfrenta novas eleições directas no PSD, em Janeiro. Mesmo assim, diz que a alteração que propõe ao sistema eleitoral é “moderada” e deixou cair a sua ideia de ter cadeiras vazias no Parlamento por ser demasiado ousada, embora continue a defendê-la.
Entre as alterações propostas, Rio vinca que ter não-deputados nas comissões de inquérito permitiria balancear o facto de os deputados estarem pressionados pelos interesses partidários para uma conclusão, insiste na necessidade de acabar com a “tendência corporativa” no Parlamento mas também na justiça (reduzindo os juízes nos conselhos superiores de Magistratura e do Ministério Público), e defende o aumento do tempo da legislatura para cinco anos de modo a permitir ao Executivo “governar de uma forma mais estrutural e menos preocupada com a conjuntura eleitoral”, em que há eleições quase todos os anos.
Em resposta a Marcelo Rebelo de Sousa, que por mais do que uma vez defendeu ser preciso ter líderes fortes, Rui Rio contrapõe que “ninguém vota para primeiro-ministro em alguém que diz muito mal do Governo”. Daí que a sua táctica seja mostrar-se como “alguém credível e em quem [os eleitores] confiem” e que marque diferenças para quem está no poder. O líder do PSD defende que essas diferenças se devem evidenciar mais apenas a “seis, sete ou oito” meses das eleições, endurecendo o discurso. “Há quem pense que uma boa oposição é estar os quatro anos a dizer mal de tudo, procurando que o Governo seja destruído para eu ganhar.”
Rio acredita que pode vir a ser primeiro-ministro mesmo que António Costa se recandidate e até considera que lhe será mais fácil se o desgaste do Governo continuar ao ritmo dos últimos seis meses – mas se conseguir recuperar “será sempre mais difícil”, diz o líder do PSD como que já preparando o terreno para uma derrota. E faz o mesmo sobre as autárquicas, insistindo que deviam ter sido adiadas um mês ou dois, mas o PS não quis para não deixar o PSD “fazer campanha à vontade” – o primeiro tem 161 presidentes de câmara e o segundo 98.
“O primeiro-ministro já veio dizer que em Setembro vai abrir tudo, mas ele não sabe se pode abrir tudo. O que sabe é que há eleições em Setembro. Se abrir uma semana ou duas antes é eleitoralista”, acusa Rui Rio.
Acerca do futuro de António Costa, o opositor não recusa um apoio a uma nomeação para presidente do Conselho Europeu, mas tem dúvidas que isso aconteça. “Ele também tem os constrangimentos do seu próprio partido: o que é que acontece ao PS? Parte-se todo se ele sair.” Já sobre o futuro deste Governo, Rui Rio continua a acreditar que “existe uma probabilidade assinalável” de não chegar a 2023. “Depende da negociação deste Orçamento do Estado”, mas também do resultado autárquico de Setembro.
Apesar das polémicas sobre o ministro da Administração Interna, a quem acusou de mentir na Assembleia da República, Rio afirma que não se devem “vulgarizar” as comissões de inquérito apesar de a gestão do Governo sobre o futebol ter sido “desastrosa” na pandemia. E argumenta que em relação a todo o combate à covid-19 “falhou o planeamento”, “tudo foi feito aos empurrões”, dando como exemplo as restrições de horários.