Incêndio na Cinemateca Brasileira pode ter destruído arquivo histórico de políticas públicas de cinema
A Cinemateca Brasileira está fechada desde Agosto do ano passado e nessa altura já se temia que o seu acervo ficasse ao abandono.
O incêndio que nesta quinta-feira deflagrou na Cinemateca Brasileira, em São Paulo, no Brasil, atingiu, segundo o jornal brasileiro O Globo, uma área de 300 a 400 metros quadrados, no primeiro andar do edifício, correspondente a três salas com arquivos e “duas delas tinham rolos de filmes históricos das décadas de 1920 e 1940, e outra de arquivo impresso histórico”, segundo contaram trabalhadores da Cinemateca aos bombeiros.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
O incêndio que nesta quinta-feira deflagrou na Cinemateca Brasileira, em São Paulo, no Brasil, atingiu, segundo o jornal brasileiro O Globo, uma área de 300 a 400 metros quadrados, no primeiro andar do edifício, correspondente a três salas com arquivos e “duas delas tinham rolos de filmes históricos das décadas de 1920 e 1940, e outra de arquivo impresso histórico”, segundo contaram trabalhadores da Cinemateca aos bombeiros.
Só haverá certezas depois das perícias, mas, provavelmente, ficou tudo destruído. Por sua vez, o jornal brasileiro Folha de São Paulo avança que “quatro toneladas de documentos sobre políticas públicas de cinema no Brasil” podem ter ficado reduzidas a cinzas, “praticamente extinguindo a memória das instituições e programas audiovisuais brasileiros”. A este jornal brasileiro, Carlos Augusto Calil, presidente da Sociedade Amigos da Cinemateca, especificou que esses documentos datavam da época do Instituto Nacional do Cinema, criado nos anos 60, passando pela Secretaria Nacional do Audiovisual, pelo Conselho Nacional de Cinema e por parte da história da Embrafilme.
Não é a primeira vez que isto acontece à instituição que possui 40 mil filmes e curtas-metragens além de programas de televisão e filmagens de jogos de futebol que contam a história do audiovisual do Brasil desde 1897. A última vez aconteceu em 2016. Nessa altura, a Cinemateca Brasileira, num outro edifício em São Paulo, por causa de um incêndio perdeu 270 filmes e outras 461 obras de que havia cópias. Em 2018, num outro incêndio na instituição, mas desta vez num edifício no Rio de Janeiro, perderam-se 20 milhões de obras do seu acervo.
A Cinemateca Brasileira está fechada desde Agosto do ano passado por divergência entre a associação que a dirigia e o Governo Federal, o que causou um despedimento colectivo, e nessa altura já se temia que o seu acervo ficasse ao abandono.
Em Fevereiro do ano passado, por causa de um temporal houve uma inundação no mesmo prédio e agora os bombeiros apontam como causa do incêndio uma manutenção que estava a ser feita no sistema de ar condicionado. E neste mês de Julho, escreve a Folha de São Paulo, o cineasta brasileiro Kleber Mendonça Filho chamou a atenção no Festival de Cannes para o que se passava na instituição brasileira: “A Cinemateca Brasileira foi fechada de um ano para cá. [Tem] 90 mil títulos, 230 mil rolos de filmes e programas de TV. Todos os técnicos e especialistas foram demitidos. É uma demonstração de desprezo pela cultura e pelo cinema, e acho que deveria mencionar isso porque estamos num festival, todos amamos o cinema. E [a Cinemateca] é um templo de preservação.”