Silvina Ocampo. A escritora que inventou o seu mistério para não ter de se explicar
Sibila, feiticeira, um mistério que continua por desvendar fora das letras mas que levou para a sua literatura a capacidade rara de captar o assombro e as sombras do real. Pérfida, cruel, sensual, excêntrica, Silvina Ocampo chega a Portugal quase 30 anos depois da sua morte, com dois livros em simultâneo. Já não há desculpa para não conhecer uma das grandes autoras de língua espanhola.
No cemitério da Recoleta, no bairro com o mesmo nome de Buenos Aires, não existe uma placa com o nome de Silvina Ocampo. Essa ausência na sepultura da família reforça o mito da grande escritora que esteve sempre na sombra. Escolha sua? Consequência do meio em que viveu como mulher de Adolfo Bioy Casares, amiga íntima de Jorge Luis Borges, irmã mais nova de Victória Ocampo — essa sim, extravagante, famosa, a primeira mulher a entrar na Academia Argentina de Letras, tão poderosa que só teve uma rival à altura no país: Eva Perón.