Como era Braga antes de 1910 e depois de 1960? O Museu da Imagem pede à população fotos para contar essa história

O museu bracarense vai recolher fotografias destas datas para enriquecer o seu espólio e a memória visual da cidade e dos seus habitantes. São eles os protagonistas da história dos territórios ao longo das décadas — e é deles que se espera esta contribuição. A chamada está aberta até 31 de Outubro.

Foto
Nuno Ferreira Santos

Quando, em 1999, o Museu da Imagem foi fundado, o objectivo era mostrar aos habitantes de Braga — e a quem por lá passa — o tanto que se foi vivendo na cidade e no concelho, sempre através da memória visual inscrita em cada fotografia. A Aliança e a Pelicano, “casas de fotografia históricas” da cidade bracarense, doaram “ao município os seus arquivos”, conservados e divulgados pelo museu. O espólio ganhou forma com os “200 mil negativos em vidro”, contextualiza Pedro Alpoim, director do Museu da Imagem. A maior parte situa-se, cronologicamente, entre 1910 “até meados da década de 1960”. Falta, portanto, alcançar o que foi registado antes e depois dessas datas.

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Quando, em 1999, o Museu da Imagem foi fundado, o objectivo era mostrar aos habitantes de Braga — e a quem por lá passa — o tanto que se foi vivendo na cidade e no concelho, sempre através da memória visual inscrita em cada fotografia. A Aliança e a Pelicano, “casas de fotografia históricas” da cidade bracarense, doaram “ao município os seus arquivos”, conservados e divulgados pelo museu. O espólio ganhou forma com os “200 mil negativos em vidro”, contextualiza Pedro Alpoim, director do Museu da Imagem. A maior parte situa-se, cronologicamente, entre 1910 “até meados da década de 1960”. Falta, portanto, alcançar o que foi registado antes e depois dessas datas.

Para colmatar essa lacuna, surgiu a “Memoração” — o nome da chamada do Museu da Imagem à população bracarense, que tenciona “enriquecer o espólio e dar continuidade” ao trabalho que tem sido desenvolvido desde há 22 anos. Uma vez que a maior parte da colecção já existente veio de casas comerciais, o que mais há são “retratos” e, ainda que em menor número, “a paisagem rural e urbana”. Agora, a prioridade vai para fotografias daquelas épocas em que estejam presentes “personalidades bracarenses, mas também nacionais” e “espaços icónicos”, aponta Pedro Alpoim. Também há espaço para “aspectos da cidade de Braga”, como se lê em nota de imprensa da Câmara Municipal.

A Tânia Dinis, artista convidada pelo Museu da Imagem para a curadoria deste processo, interessam-lhe também as fotografias que chegam “do universo familiar”. É através destes documentos que, muitas vezes, se dá conta do quanto muda o território ao longo das décadas — seja por fotografias tiradas “nas viagens” realizadas, “nos piqueniques” das tardes de domingo ou “nas visitas aos monumentos”, por exemplo. “É um trabalho de pesquisa e de recolha de imagem que tem sempre a uma memória e uma história associadas. Dando-se uma segunda oportunidade às fotografias, elas acabam por contar a história sócio-económica e cultural de uma determinada região”, explica.

Isso não quer dizer que fotografias tiradas entre 1910 e 1960 sejam recusadas. “Se surgirem imagens que sejam interessantes, que enriqueçam e se não existir nenhuma imagem daquele género daquelas décadas no acervo, são muito bem-vindas!”, esclarece Tânia Dinis. E se, por casa, existir alguma imagem da Ponte Eiffel, em Viana do Castelo, do início do século XX, o Museu da Imagem também não a recusa.

Para responder ao desafio do Museu da Imagem, basta entrar em contacto telefónico através do 919133302 e do 253278633 (números da artista e do Museu da Imagem) ou, então, enviar um e-mail para o memoracao@cm-braga.pt. A entrega das imagens é combinada nesse contacto; depois de analisadas e digitalizadas, são devolvidas. A chamada está aberta até ao dia 31 de Outubro.

O encontro presencial entre a artista convidada e as pessoas que doarem potencia a qualidade deste processo: “Em todo o meu trabalho com de pesquisa e recolha de imagens tenho sempre muito interesse em falar com as pessoas. Há todo este lado imagético sobre a fotografia e o que as pessoas observam nas imagens. Daí resultam diversas narrativas.” Até porque, depois do fim da chamada, “a ideia é fazer uma exposição de fotografia” com o resultado obtido e “um catálogo, cuja curadoria será da Tânia Dinis”, revela o director do Museu da Imagem.