É sempre difícil falar da morte de alguém com quem se conviveu, como acontece com o Pedro Tamen, que conheci há uns 35 anos e a quem me ligavam uma amizade e uma admiração imunes aos vírus com que o chamado “meio literário” contamina tanta gente — o que nunca foi o caso do Pedro. Que ele era uma pessoa especial, era, e a sua vida deixa-nos memórias indeléveis, das que reverberam em nós e nos mudam por dentro. Mas mesmo essas memórias irão um dia desaparecer connosco — e é a sua poesia que as ultrapassa: uma poesia em que sempre foi muito estreita a relação entre a sonoridade das palavras e os seus sentidos, unindo decisivamente essas duas categorias a que antes chamávamos “forma” e “conteúdo”. É uma poesia que gosta de explorar caminhos novos a nível formal, experimentar ritmos e rimas diferentes, sem que isso se torne gratuito ou ornamental — pelo contrário, é como se o que nos é dito só pudesse ser dito através daquelas palavras e de nenhumas outras, sem alternativa.
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É sempre difícil falar da morte de alguém com quem se conviveu, como acontece com o Pedro Tamen, que conheci há uns 35 anos e a quem me ligavam uma amizade e uma admiração imunes aos vírus com que o chamado “meio literário” contamina tanta gente — o que nunca foi o caso do Pedro. Que ele era uma pessoa especial, era, e a sua vida deixa-nos memórias indeléveis, das que reverberam em nós e nos mudam por dentro. Mas mesmo essas memórias irão um dia desaparecer connosco — e é a sua poesia que as ultrapassa: uma poesia em que sempre foi muito estreita a relação entre a sonoridade das palavras e os seus sentidos, unindo decisivamente essas duas categorias a que antes chamávamos “forma” e “conteúdo”. É uma poesia que gosta de explorar caminhos novos a nível formal, experimentar ritmos e rimas diferentes, sem que isso se torne gratuito ou ornamental — pelo contrário, é como se o que nos é dito só pudesse ser dito através daquelas palavras e de nenhumas outras, sem alternativa.