Rio afirma que “não há défice de oposição ao Governo”
Líder do PSD considera que, pela ordem natural das coisas, só fará sentido falar de alternativas de direita, ou de esquerda, em 2023. E não responde ao convite de Ventura, para uma união de direita.
O actual e um dos antigos líderes do PSD estiveram esta quarta-feira reunidos no Palácio de Belém para discutir os desafios políticos e orçamentais do país (ainda que, segundo Rui Rio, não se tenha falado do próximo Orçamento do Estado). À saída da audiência com o Presidente da República, Rui Rio garantiu que “não há défice de oposição ao Governo” e defendeu que não faz sentido estar a falar agora da construção de alternativas de direita, ou de esquerda: “Isso é uma coisa que acontecerá, se tudo for normal, em 2023”, declarou, acrescentando que não conhecia o convite anunciado pelo Chega aos partidos de direita para a preparação, já, de uma frente alternativa ao executivo socialista e que não faria qualquer “comentário público” sobre declarações de André Ventura.
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O actual e um dos antigos líderes do PSD estiveram esta quarta-feira reunidos no Palácio de Belém para discutir os desafios políticos e orçamentais do país (ainda que, segundo Rui Rio, não se tenha falado do próximo Orçamento do Estado). À saída da audiência com o Presidente da República, Rui Rio garantiu que “não há défice de oposição ao Governo” e defendeu que não faz sentido estar a falar agora da construção de alternativas de direita, ou de esquerda: “Isso é uma coisa que acontecerá, se tudo for normal, em 2023”, declarou, acrescentando que não conhecia o convite anunciado pelo Chega aos partidos de direita para a preparação, já, de uma frente alternativa ao executivo socialista e que não faria qualquer “comentário público” sobre declarações de André Ventura.
Defendendo-se das críticas sobre a falta de uma oposição musculada à direita, Rio retorquiu que as críticas dos partidos políticos até podem ser considerados “acutilantes demais, quando estão a dizer mal de tudo permanentemente”. Confrontado pelos jornalistas sobre o pedido de Marcelo Rebelo de Sousa aos representantes do sector privado para que lutem por protagonistas políticos mais fortes, o líder do PSD admite que possa ser uma crítica à sua liderança, mas faz outras interpretações. “Eu não vi, mas tem de perguntar ao Presidente da República. Admito que seja, o que interpreto é que pretenderá o senhor Presidente da República - não é que me tenha dito lá dentro - que as associações patronais sejam mais interventivas na defesa dos seus interesses”, afirmou Rio.
O líder social-democrata aproveitou o encontro para voltar a criticar o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), que terá sido o tema principal do encontro. “Todos os anos estamos mais distantes da UE, estamos um pouco mais pobres. Não vou dizer que o PRR seja a última oportunidade, mas o caminho não está exactamente o que nós pretendíamos”, afirmou, lembrando que “por três vezes” o PSD apresentou propostas alternativas.
“O Governo nunca nos ouviu, inclusive cheguei a ouvir o primeiro-ministro a dizer que o PSD não tinha ideias. Dá-me ideia que não as leu ou não lhes ligou nenhuma. O primeiro-ministro e o Governo estão por conta e risco de um PRR que quiseram desenhar sozinhos”, criticou, apontando que apenas 25% das verbas deste plano é destinada às empresas.
Rui Rio lembra que Costa dispensou PSD
Sobre a negociação do próximo Orçamento do Estado, Rio lembrou as palavras de António Costa sobre a influência da bancada social-democrata na aprovação do documento. “Podiam as circunstâncias ser outras, porque podíamos ter de jogar entre a nossa convicção e o equilíbrio do país. Mas, há um ano, o primeiro-ministro foi claríssimo quando disse que, se para um Orçamento ser aprovado precisasse do PSD, ele se demitia”, lembrou, atirando as negociações para as bancadas da esquerda - mas deixou recados ao BE e ao PCP sobre a revisão da legislação laboral que pode comprometer ainda mais a competitividade do país. A proposta de Rio é, por isso, que se crie “melhor emprego e mais bem remunerado”, apesar de “não ter efeitos imediatos do ponto de vista eleitoral”, ao contrário de “aparecer uma ponte, uma estrada ou um hospital”.
PS espera “convergência plena” à esquerda (incluindo com BE)
Pouco depois, José Luís Carneiro, secretário-geral adjunto do PS - o último partido a ser recebido por Marcelo Rebelo de Sousa - reforçou que existem “condições muito claras” para que haja uma “convergência plena” das forças políticas que apoiaram as opções do Governo desde 2015 na aprovação do próximo Orçamento, que incluirão o reforço no investimento público, “quer na qualificação da Administração Pública, quer na qualificação das funções sociais do Estado”.
Mas evitou responder sobre as alterações às leis laborais. "Não me queria deter nessas matérias mais concretas, mas reiterar que há um compromisso muito claro, e ainda hoje reiterado pelo primeiro-ministro, de que pretende valorizar e dignificar as condições do trabalho, é um objectivo político que nos unifica a todos”, disse.
Sobre a expectativa do PS em relação ao apoio dos antigos parceiros na aprovação do OE (no último Orçamento do Estado o BE votou contra), José Luís Carneiro afirmou que existe “vontade e a disponibilidade absolutas” dos socialistas para que as forças políticas que foram o “grande suporte das transformações políticas desde 2015 possam convergir”.