Governo americano vendeu o álbum único dos Wu-Tang Clan

Peça tinha sido confiscada ao empresário farmacêutico Martin Shkreli, “o homem mais odiado da América”, para pagamento de impostos.

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A caixa com o álbum Once Upon a Time in Shaolin DR

O álbum Once Upon a Time In Shaolin, uma peça literalmente única produzida em 2014 pela banda de hip hop Wu-Tang Clan, foi agora vendido pelo Governo norte-americano a um comprador não identificado e por uma verba também não divulgada.

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O álbum Once Upon a Time In Shaolin, uma peça literalmente única produzida em 2014 pela banda de hip hop Wu-Tang Clan, foi agora vendido pelo Governo norte-americano a um comprador não identificado e por uma verba também não divulgada.

Esta peça de arte, pensada e fabricada como um manifesto artístico em defesa do valor intrínseco da música num mundo em que ela tem vindo a ser desprezada, segundo a justificação dos seus autores, foi comprada em 2015 por dois milhões de dólares (o equivalente, ao câmbio actual, a cerca de 1,7 milhões de euros) por um empresário da indústria farmacêutica, Martin Shkreli, visto como “o homem mais odiado da América”. A razão é simples, assim explicada pela BBC: no mesmo ano em que adquiriu Once Upon a Time In Shaolin, Shkreli, através da sua empresa Turing Pharmaceuticals, comprou a licença de fabrico de um medicamento antiparasitário, o Daraprim, destinado a grávidas, idosos e doentes com sida, e aumentou o seu preço em… 5000%!

Compreende-se por que razão não teve nenhuma dificuldade em pagar dois milhões pela tal disco-peça de arte.

Mas as coisas começaram a correr mal para o empresário, agora com 38 anos, quando, no final de 2015, se viu a braços com a justiça e com o fisco americano, num processo que o levaria mesmo à prisão. Na sequência desse processo, Martin Shkreli viu-se obrigado a entregar o disco dos Wu-Tang Clan como garantia de pagamento de uma dívida no valor de 7,4 milhões de dólares (6,3 milhões de euros), segundo comunicado divulgado pelo procurador Jacquelin Kasulis. Citado pelo canal de notícias de economia CNBC, o advogado de Shkreli não divulgou os números do acordo, mas confirmou que a valorização de Once Upon a Time In Shaolin foi feita “substancialmente acima” dos dois milhões de dólares pagos inicialmente.

Um acordo de confidencialidade agora estabelecido entre o Governo norte-americano e o novo comprador impediu a divulgação do montante da recente transacção. De qualquer modo, parece confirmada a expectativa com que os Wu-Tang Clan, e o co-produtor do disco, Tarik “Cilvaringz” Azzougarh, avançaram para esta aventura, acreditando que a sua peça de arte poderia vir a valer milhões.

Ainda que continue no segredo dos seus proprietários, sabe-se que Once Upon a Time In Shaolin, que começou a ser pensado e gravado no final da década de 2010, entre Nova Iorque e Marraquexe, em Marrocos, envolveu, além de todos os músicos da banda nova-iorquina, figuras como as actrizes e cantoras Cher e Carice Van Houten (Guerra dos Tronos). Depois de concluído, foi guardado algures em Marrocos numa caixa forte de prata e níquel, expressamente desenhada para o efeito pela artista anglo-marroquina Yahya. No que à música diz respeito, contém 31 canções que duram um pouco mais de duas horas. Será que Martin Shkreli chegou a ouvi-las?...