Marcelo pressiona Costa a aliviar medidas: “Estou irritantemente optimista”

O Presidente da República considera que os sinais dados pelos especialistas sobre a eficácia da vacinação permitem aliviar as medidas de restrição em vigor.

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Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República PAULO CUNHA/LUSA/ARQUIVO

No final da ronda de apresentações dos especialistas na reunião do Infarmed desta terça-feira de manhã, o Presidente da República declarou-se “irritantemente optimista”, numa referência a uma expressão frequentemente usada por si, para se referir ao primeiro-ministro, António Costa. “Houve aqui uma ligeira inversão de posições”, declarou Marcelo, que nos últimos meses se “desalinhou” com a estratégia do Governo no combate à pandemia. A partir da primeira fila, António Costa respondeu a Marcelo e o Presidente retorquiu: “Não, não, mas digo eu, eu assumo: o senhor primeiro-ministro optimista, moderado, realista; eu, de vez em quando, irritantemente optimista”.

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No final da ronda de apresentações dos especialistas na reunião do Infarmed desta terça-feira de manhã, o Presidente da República declarou-se “irritantemente optimista”, numa referência a uma expressão frequentemente usada por si, para se referir ao primeiro-ministro, António Costa. “Houve aqui uma ligeira inversão de posições”, declarou Marcelo, que nos últimos meses se “desalinhou” com a estratégia do Governo no combate à pandemia. A partir da primeira fila, António Costa respondeu a Marcelo e o Presidente retorquiu: “Não, não, mas digo eu, eu assumo: o senhor primeiro-ministro optimista, moderado, realista; eu, de vez em quando, irritantemente optimista”.

Para sustentar o seu optimismo, Marcelo Rebelo de Sousa sublinhou que os especialistas de saúde mostraram “sensibilidade” e deram uma “esperança reforçada que se chama vacinação”, acrescentando que caberá agora aos decisores políticos decidirem – no próximo Conselho de Ministros, esta quinta-feira – se aliviarão ou não as medidas em vigor.

“A primeira ideia que retive é onde avança a vacina recua o vírus”, começou por assinalar na sua intervenção, notando que a incidência é mais grave nos não-vacinados. “Só uma pequena parte com as duas tomas é que está internada ou nos cuidados intensivos. São casos esporádicos, mas marginais”, vincou. “A segunda ideia é que o R(t) [o índice de transmissão do vírus] tem vindo lentamente a descer em todas as regiões”, notou, uma vez mais argumentando que a vacinação permite não só reduzir a gravidade da doença, mas também a sua transmissibilidade. 

Insistindo na eficácia da vacinação e no “esforço” dos especialistas para dar “o espaço de manobra de decisão”, ao apresentar dados em relação aos internamentos e óbitos que mostram que a taxa de incidência não se reflecte de forma alarmante nas hospitalizações, Marcelo fez uma leitura positiva das conclusões apresentadas. Mas pede ao Governo que seja claro na comunicação. “Fiquei com a sensação que é muito importante que essas linhas [de desconfinamento] sejam simples na sua apresentação às pessoas”, afirmou.

Marcelo Rebelo de Sousa destacou também a intervenção de Henrique Barros não só em relação à reparação para o próximo Inverno, mas especialmente em relação à importância de vacinar as crianças. “É uma ideia forte e dada a tempo para os pais pensarem e assumirem a importância de tratar disso atempadamente”, considerou o Presidente da República.

O Presidente da República elogiou ainda o “esforço enorme para adquirir e conseguir vacinas em tempo recorde para não deixar os stocks descerem” e para manter “um nível notável de vacinação”, tal como minutos antes o vice-almirante Henrique Gouveia e Melo, coordenador da task force que planeia a vacinação, tinha afirmado. “A vacinação é chave na vida dos portugueses e o ritmo a que tem sido processada é excepcional”, disse. “Não se imagina o que tem sido o ritmo dos profissionais de saúde nos centros de vacinação”, acrescentou.

À semelhança do que fez Marcelo, à saída da reunião houve também, do lado dos partidos, um unânime elogio à eficácia das vacinas e expectativa de que as próximas semanas sejam de progressivo alívio de medidas. Da esquerda à direita, todos os partidos defenderam a importância de uma comunicação clara para quem “ainda tem dúvidas sobre a vacinação” e concordaram que este “já não é tempo de discutir restrições”, muitas delas “ineficazes”. 

Ouvidos os especialistas, a expectativa é que o Governo prepare uma nova fase de desconfinamento já a partir de Agosto, como o fim de restrições de horários, e que a DGS se pronuncie sobre a vacinação de crianças com menos de 12 anos.