Simone Biles erra, lesiona-se, abandona a final e EUA perdem
Nas rondas preliminares, Biles já tinha cometido pequenos erros, incomuns na americana, que sugeriram mau momento de forma, problemas físicos ou limitações emocionais. Ou então seria apenas um dia mau. Nesta terça-feira, Biles voltou a falhar e as dúvidas adensaram-se. Sai, porém, com mais uma medalha para o currículo: mesmo nos seus piores momentos, Biles leva sempre algo para casa.
Um erro é inesperado. Dois são quase inéditos. Três já são demasiados para quem se chama Simone Biles. A norte-americana, tetracampeã olímpica de ginástica artística no Rio 2016, já tinha mostrado más sensações nas rondas preliminares da ginástica e adensou essas dúvidas nesta terça-feira.
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Um erro é inesperado. Dois são quase inéditos. Três já são demasiados para quem se chama Simone Biles. A norte-americana, tetracampeã olímpica de ginástica artística no Rio 2016, já tinha mostrado más sensações nas rondas preliminares da ginástica e adensou essas dúvidas nesta terça-feira.
Biles saiu de competição em plena final feminina por equipas e desfalcou a selecção dos Estados Unidos de Tóquio 2020, que acabou por perder a prova para a Rússia (que já tinha vencido a prova colectiva masculina). O copo meio-vazio diz que os Estados Unidos saíram “apenas" com a prata, mas o meio-cheio diz que, mesmo nos seus piores momentos, Biles leva sempre algo para casa.
Na final colectiva, a ginasta começou por cometer um erro no exercício do salto, falhando a recepção ao solo com um passo de recurso bastante largo (pontuou 13,766, bem abaixo do esperado e dos padrões de Biles).
Biles acabou por abandonar a zona de competição e voltou, pouco depois, com o pé coberto de ligaduras, para abraçar as colegas Grace McCallum, Sunisa Lee e Jordan Chiles. “Simone Biles retirou-se da competição final por equipas devido a motivos médicos. Ela será diariamente avaliada para determinar uma autorização médica para futuras provas”, lê-se numa publicação da USA Gymnastics no Twitter, versão que Biles viria a clarificar minutos depois. É, afinal, mais do que uma questão médica genérica: é uma questão emocional.
A equipa norte-americana perdeu então a medalha de ouro conquistada há cinco anos, no Rio de Janeiro, passando o testemunho para a Rússia, que surgiu representada por Vladislava Urazova, Viktoria Listunova, Angelina Melnikova e Lilia Akhaimova, sob a bandeira do Comité Olímpico Russo. As vencedoras totalizaram 169,528 pontos, superando as rivais dos Estados Unidos, segundas classificadas, com 166,096, e da Grã-Bretanha, que conquistaram a medalha de bronze, com 164,096.
Simone Biles assistiu a tudo isto de fato de treino, já fora dos aparelhos onde provavelmente seria um factor-chave para a equipa americana, e foi uma apoiante entusiasta em todos os exercícios das colegas. Na cerimónia do pódio, Biles não deixou de estar divertida e sorridente, como é seu hábito. Afinal, conquistou mais uma medalha - esta foi de prata.
Lesão? Talvez não
Em Tóquio, Simone Biles já tinha mostrado sinais de ser, afinal, apenas humana. Nas rondas preliminares da ginástica, cometeu pequenos erros, incomuns, que evidenciaram um momento de forma inesperadamente baixo, problemas físicos ou limitações emocionais. Ou então seria apenas um dia mau.
Apesar da versão oficial de problemas médicos não especificados, a estação televisiva NBC avançou que poderia tratar-se de uma limitação mental na ginasta norte-americana. Esta teoria ia, de resto, ao encontro de um desabafo de Biles nas redes sociais, na segunda-feira, onde dizia sentir “ter o peso do mundo nos ombros”. “Sei que faço parecer que a pressão não me afecta, mas caramba: por vezes é difícil”, acrescentou, com um riso.
Aly Raisman, ex-ginasta olímpica da equipa dos Estados Unidos, abordou à NBC o que se passou com Biles. “Penso que a Simone é a maior história destes Jogos, por isso isto é realmente devastador”, disse. “Mas penso que também é importante pensar na pressão que tem sido exercida sobre ela. Ela é humana e penso que, por vezes, as pessoas esquecem-se disso. E a Simone, tal como todos os outros, está a fazer o melhor que pode”.
Já depois da prova, Simone Biles confirmou que a versão oficial não era 100% clara. O problema era, de facto, médico, mas não necessariamente físico. Os problemas estavam na cabeça da atleta, que assumiu as limitações emocionais.
A primeira final individual, no all-around, marcada para quinta-feira, está sob um tremendo ponto de interrogação. As restantes quatro finais de aparelhos estão agendadas para a próxima semana.
Texto actualizado às 15h48 com a confirmação de que os problemas de Biles eram emocionais e não físicos, como inicialmente apontado pela federação norte-americana.