A insulina foi uma das maiores descobertas da história, frisa bastonária dos Farmacêuticos
Portugal era em 2019 um dos dois países da União Europeia com maior taxa de prevalência de diabetes entre adultos.
A descoberta da insulina há 100 anos “é uma das maiores da história da medicina” por ter salvo muitas vidas e garantido qualidade de vida aos diabéticos, considerou esta terça-feira a bastonária da Ordem dos Farmacêuticos, Ana Paula Martins.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
A descoberta da insulina há 100 anos “é uma das maiores da história da medicina” por ter salvo muitas vidas e garantido qualidade de vida aos diabéticos, considerou esta terça-feira a bastonária da Ordem dos Farmacêuticos, Ana Paula Martins.
Assinalando o centenário da descoberta desta hormona, a investigadora da Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa afirmou à agência Lusa que este foi “um marco só comparável à descoberta da penicilina e da cura para a tuberculose”.
“Antes da insulina, os médicos prescreviam dietas absolutamente radicais em que as pessoas ficavam tão enfraquecidas que acabavam em pele e osso, não resistindo e morrendo com infecções”, explicou a bastonária Ana Paula Martins.
Cem anos depois, a insulina é ainda hoje “a mais importante de todas as terapias para a diabetes”, tendo a bastonária indicado que “é a mais natural em termos de reconhecimento pelo nosso organismo”.
Com a evolução dos sistemas de administração da hormona, “os doentes podem agora adaptar-se mais facilmente ao tratamento, levar uma vida normal, com mais liberdade e fazendo desporto”, o que terá contribuído para a “diminuição da discriminação de que eram alvo no passado”.
“Numa época dominada pela covid-19, é preciso voltar a olhar para doenças como a diabetes e é necessário criar um registo nacional de doentes com diabetes de tipo 1”, frisou Ana Paula Martins.
Neste contexto, a investigadora defendeu que, “mais do que a dificuldade de acesso aos cuidados de saúde”, a pandemia “pode ter provocado um descontrolo nos níveis de glicemia porque as pessoas ficaram mais fechadas e monitorizaram menos”. “Houve ainda um atraso no acesso nos diagnósticos, que me preocupa porque estes cidadãos vão perder muita qualidade de vida. Não é aceitável e temos de investir na prevenção e diagnóstico”, defendeu.
Segundo um relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), Portugal era em 2019 um dos dois países da União Europeia com maior taxa de prevalência de diabetes entre adultos, dado que 9,8% dos portugueses entre os 20 e os 79 anos sofriam desta doença crónica.
A diabetes, se não for diagnosticada ou devidamente controlada, pode resultar em complicações mais graves como cegueira, insuficiência renal ou amputação de membros inferiores.
A doença, que se traduz na incapacidade de o organismo regular os níveis excessivos de açúcar no sangue, porque o pâncreas não consegue produzir insulina, aumenta o risco de doenças cardiovasculares e da infecção respiratória covid-19.
Os diabéticos de tipo 1 precisam de tomar insulina, enquanto os diabéticos de tipo 2 necessitam de medicação de controlo, dieta alimentar e exercício físico adequados, precisando de insulina se apresentarem sintomas ou glicemias elevadas ou mal controladas.
Descoberta por Frederick Banting e Charles Best a 27 de Julho de 1921, a insulina começou a ser administrada em animais, tendo sido ministrada com sucesso em humanos em Janeiro de 1922. Os dois cientistas receberam o Prémio Nobel da Medicina em 1923.