IL com “pouca esperança” no próximo OE e Chega diz que é “difícil” direita ser alternativa ao Governo

Os partidos começaram a ser ouvidos pelo Presidente da República esta segunda-feira. Ronda de audiências só termina na quarta-feira.

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A Iniciativa Liberal foi o primeiro partido a ser recebido LUSA/ANTÓNIO COTRIM

Na primeira ronda de audiências dos partidos pelo Presidente da República, que se prolongará até quarta-feira e que servirá para Marcelo Rebelo de Sousa ouvir as delegações dos partidos sobre o próximo Orçamento do Estado para 2022 (OE22), o primeiro balanço foi feito por João Cotrim de Figueiredo, líder da Iniciativa Liberal. À saída do encontro, o deputado liberal afirmou que levou até Belém aquelas que “se perspectivam ser as oportunidades que Portugal tem em termos de retoma económica para os próximos tempos” e não escondeu a preocupação com “com o risco claro de desperdiçar essa oportunidade”.

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Na primeira ronda de audiências dos partidos pelo Presidente da República, que se prolongará até quarta-feira e que servirá para Marcelo Rebelo de Sousa ouvir as delegações dos partidos sobre o próximo Orçamento do Estado para 2022 (OE22), o primeiro balanço foi feito por João Cotrim de Figueiredo, líder da Iniciativa Liberal. À saída do encontro, o deputado liberal afirmou que levou até Belém aquelas que “se perspectivam ser as oportunidades que Portugal tem em termos de retoma económica para os próximos tempos” e não escondeu a preocupação com “com o risco claro de desperdiçar essa oportunidade”.

Para Cotrim de Figueiredo, o país “tem uma enorme oportunidade de fazer uma retoma económica” que lhe permita “reduzir a distância” em relação a outros países, “mas corre o risco claro de desperdiçar essa oportunidade”. Porquê? “Porque as prioridades definidas para a aplicação dos fundos e para o redireccionamento das energias económicas e criativas dos portugueses está errada”, afirmou.

Na perspectiva do deputado liberal, na estratégia do Governo “continua-se a pôr o Estado no meio e à frente de todos os processos de decisão e desenvolvimento”. “Isso é a receita que, nos últimos 20 anos, conduziu Portugal a esta situação”, continua. “Se queremos chegar a sítios diferentes, não podemos fazer as mesmas coisas”, acrescentou o líder da IL.

Por isso, o deputado espera que o próximo Orçamento do Estado reflicta “prioridades diferentes”, ainda que não esconda o seu cepticismo. O liberal criticou também o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e defendeu que a execução do mesmo deve ter um “acompanhamento muitíssimo próximo”, não apenas das comissões no Parlamento, “mas de toda a comunicação social, e de todas as forças da sociedade civil”.

Chega: “Direita está numa posição difícil"

Já o Chega, o segundo partido a ser ouvido, anunciou no final do encontro que irá contactar o PSD, o CDS-PP e a IL para construir “uma plataforma de convergência” à direita para se apresentar como alternativa a António Costa, e não estará disponível para nenhuma apreciação ou para nenhuma validação do OE que não apoie directamente” os sectores mais fragilizados da economia.

“Vamos voltar a propor, a todos, todos sem excepção, Iniciativa Liberal, CDS-PP e PSD, que possamos pelo menos ter uma plataforma de convergência, uma plataforma de conversa, para apresentar ao senhor Presidente da República, caso isso seja necessário, uma alternativa de Governo, que eu acho que é momento e altura de começarmos a construir”, declarou André Ventura, líder e deputado do Chega.

Segundo o deputado, terá sido também discutida a “situação política” da direita portuguesa de forma “muito directa e frontal”, e que a coloca “numa posição difícil do ponto de vista de criar consensos e de criar pontes para ser uma alternativa de Governo”, mesmo com "o desgaste” do executivo de António Costa.

“Se a direita não conseguir apresentar uma alternativa de Governo credível, sólida, com menos impostos, com mais ajudas às pessoas, com o apoio às forças de segurança, com o apoio aqueles que trabalham”, então está “a falhar” na sua missão, concluiu o deputado.

“O Chega cresce, a IL cresce, mas não crescem à custa de quem deviam crescer, que era da abstenção, do centro e da esquerda. Estamos a transferir votos entre partidos de direita e isso é o pior que nos pode acontecer”, afirmou o deputado, pedindo uma alternativa. “Precisamos de sentar-nos e conversar, caso contrário, António Costa fica-se a rir de nós, o PS não tem perspectivas de sair do Governo e Marcelo Rebelo de Sousa, e bem, perguntar-se-á, se um dia, depois das autárquicas, tiver que enfrentar uma crise politica ou uma fragilização politica, que direita há para oferecer uma alternativa”, sustentou.

Pelo PEV, José Luís Ferreira levou até Belém preocupações com os índices de pobreza que espera ver reflectidas no próximo OE. O PAN, que tal como o PEV também reuniu com o Governo nesta segunda-feira, foi igualmente recebido em Belém. Esta terça-feira, Marcelo recebe as delegações do CDS-PP, PCP e BE, e na quarta-feira encerra com o PSD e o PS. com Lusa