Jornalista que revelou escândalo de Watergate acusa Trump de ser “criminoso de guerra”
Carl Bernstein, que fez dupla com Bob Woodward nas investigações do jornal Washington Post na década de 1970, acusa o ex-Presidente dos EUA de ser responsável pela morte de dezenas de milhares de pessoas por “negligência homicida”.
O veterano jornalista norte-americano Carl Bernstein, colega de Bob Woodward na dupla que foi responsável por grande parte das revelações do escândalo de Watergate na década de 1970, defende que é preciso “recentrar” a forma como se olha para as acções de Donald Trump. Numa entrevista à CNN, Bernstein afirmou que Trump deve ser tratado como “o criminoso de guerra dos EUA”, comparando o ex-Presidente norte-americano a líderes estrangeiros que foram acusados de crimes de guerra por tribunais internacionais.
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O veterano jornalista norte-americano Carl Bernstein, colega de Bob Woodward na dupla que foi responsável por grande parte das revelações do escândalo de Watergate na década de 1970, defende que é preciso “recentrar” a forma como se olha para as acções de Donald Trump. Numa entrevista à CNN, Bernstein afirmou que Trump deve ser tratado como “o criminoso de guerra dos EUA”, comparando o ex-Presidente norte-americano a líderes estrangeiros que foram acusados de crimes de guerra por tribunais internacionais.
“Penso que temos de dar um passo atrás e olhar para Trump num contexto diferente. Ele é o nosso criminoso de guerra. É o criminoso de guerra dos EUA”, disse Bernstein, de 77 anos, no programa Reliable Sources, no domingo.
O jornalista — cujas investigações na década de 1970 foi determinante para a renúncia ao cargo do Presidente Richard Nixon, em 1974 — deu como exemplos a forma como o ex-Presidente dos EUA geriu a pandemia de covid-19 e o seu papel na invasão do edifício do Capitólio pelos seus apoiantes, a 6 de Janeiro.
“Como criminoso de guerra norte-americano, Trump cometeu crimes no seu próprio país, contra o seu próprio povo, incluindo as dezenas de milhares de pessoas que morreram por causa da sua negligência homicida na gestão da pandemia”, disse Bernstein.
“Ele pôs os interesses eleitorais à frente da saúde do nosso povo, que foi massacrado nesta pandemia”, acusou o jornalista.
Bernstein disse também que Trump deve ser tratado como um criminoso de guerra por ter “fomentado um golpe para se manter no cargo”, numa referência à invasão do edifício que alberga o Senado e a Câmara dos Representantes, no dia 6 de Janeiro, que teve como objectivo impedir a certificação da vitória de Joe Biden na eleição presidencial de Novembro de 2020.
Nas semanas anteriores à invasão, Trump recusou-se a reconhecer a vitória de Biden e lançou a acusação — nunca provada nos tribunais, e rejeitada pelo Colégio Eleitoral e pelo Congresso dos EUA — de que perdera a reeleição de forma fraudulenta. E foi ele quem convocou uma manifestação para o dia 6 de Janeiro, em Washington D.C., de onde os seus apoiantes saíram para invadir o Capitólio depois de terem ouvido o então Presidente dos EUA a pedir-lhes que não aceitassem a vitória de Biden.
“Não foram os jornalistas que compararam Trump a Hitler; foi o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas [o general Mark A. Milley] quem comparou Trump e o movimento dele aos camisas castanhas e ao incêndio do Parlamento alemão na Alemanha nazi”, disse Bernstein.
“Isto é algo que nunca tínhamos visto num Presidente. Não se trata apenas de delitos puníveis com a destituição; estão em causa crimes em que a humanidade do povo americano foi relegada para segundo plano por um Presidente dos EUA que tinha no centro os seus interesses políticos, financeiros e pessoais”, disse o jornalista.