Os nossos avós merecem — vamos ser criativos?

A proximidade emocional entre os netos e os avós protege ambos da depressão, fortalece a autoestima, otimiza o envelhecimento cognitivo e mantêm-nos fisicamente ativos — tudo essencial numa vida saudável dos nossos avós.

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Unsplash/Nikoline Arns

“Gostava de ter a casa com mais gente, mas agora não se pode”, “o meu filho e a minha neta deixaram de vir a minha casa”, “não vejo os meus netos… quando os verei outra vez?”. Estes são alguns dos testemunhos que ouvi de idosos durante o confinamento, a propósito de um estudo sobre o impacto da pandemia por covid-19 na cognição e estado psicológico.

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“Gostava de ter a casa com mais gente, mas agora não se pode”, “o meu filho e a minha neta deixaram de vir a minha casa”, “não vejo os meus netos… quando os verei outra vez?”. Estes são alguns dos testemunhos que ouvi de idosos durante o confinamento, a propósito de um estudo sobre o impacto da pandemia por covid-19 na cognição e estado psicológico.

Ao longo do último ano e meio, a pandemia tem apresentado diversos desafios aos nossos avós, desde os longos períodos de confinamento, que obrigaram ao afastamento social, até à falta e impossibilidade de contacto pessoal. Muitos avós não terão conhecido pela primeira vez os netos que nasceram durante o confinamento e, embora muitos tenham mantido o contacto de forma digital, sabe-se que apenas 34% da população portuguesa com mais de 65 anos usa a internet — pelo que a videochamada nem foi uma opção para os restantes.

Além da saudade, tristeza e solidão, ficar longe da família pode ter um impacto na saúde física e mental dos mais velhos. A proximidade emocional entre os netos e os avós protege ambos da depressão, fortalece a autoestima, otimiza o envelhecimento cognitivo e mantêm-nos fisicamente ativos — tudo essencial numa vida saudável dos nossos avós.

Num tempo tão inusitado, o afastamento não tem de ser afetivo. Mantenham o contacto com os vossos avós — e sejam criativos!

É fácil reduzir a distância emocional através da conversa. Portanto, ensinem os avós a utilizar as novas tecnologias e assim, para além do telefone, poderão estar em contacto por videochamada ou redes sociais. E aproveitem para conhecer melhor as histórias das suas vidas.

Também podemos regressar aos velhos tempos e criar memórias. Envie, neste dia especial, um postal decorado por si por correio ou envie cartas com frequência para se manterem em contacto. As cartas escritas à mão são recordações únicas que poderão ser guardadas e revisitadas com carinho a qualquer altura.

Ajude-os a sentirem-se úteis. Peça-lhes que diga pelo telefone a receita daquela comida que tanto gosta. Os avós podem também, por exemplo, ensinar aos netos as letras e números ou ler uma história à noite do outro lado do ecrã. E todos sabemos como os avós gostam de estar presentes e ajudar.

Todas as demonstrações de carinho aos nossos avós são válidas, desde um telefonema para amenizar as saudades até ao envio de sopas de letras pelo correio para os ajudar a manter o cérebro ativo. O importante é não nos afastarmos e mantermos a ligação durante todo o ano.