Telma Monteiro: “Quero continuar a ser atleta sabendo que posso ganhar sempre”
A judoca portuguesa caiu ao segundo combate no torneio de judo dos Jogos Olímpicos de Tóquio. Paris 2024? “Se quiser, vou.”
Telma Monteiro tem um nível de exigência brutal com Telma Monteiro. Ela nunca a irá deixar subir a um tapete se não sentir que ela pode ganhar. Pode ter lesões, pode ter dores, mas Telma Monteiro só precisa de encontrar esse ponto de equilíbrio entre o físico e o emocional para continuar a ser o que tem sido há quase 20 anos, uma atleta de eleição como poucas em Portugal. Se encontrar esse equilíbrio, a judoca portuguesa irá vingar em Paris o momento baixo da sua longa história olímpica que viveu nesta segunda-feira, uma derrota logo à segunda ronda em -57kg no judo olímpico em Tóquio.
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Telma Monteiro tem um nível de exigência brutal com Telma Monteiro. Ela nunca a irá deixar subir a um tapete se não sentir que ela pode ganhar. Pode ter lesões, pode ter dores, mas Telma Monteiro só precisa de encontrar esse ponto de equilíbrio entre o físico e o emocional para continuar a ser o que tem sido há quase 20 anos, uma atleta de eleição como poucas em Portugal. Se encontrar esse equilíbrio, a judoca portuguesa irá vingar em Paris o momento baixo da sua longa história olímpica que viveu nesta segunda-feira, uma derrota logo à segunda ronda em -57kg no judo olímpico em Tóquio.
Foi um dia inesperadamente curto para a judoca portuguesa de 35 anos que tinha sido bronze há cinco anos no Rio de Janeiro. Entrava como cabeça-de-série na categoria e a manhã até começou bem, com um triunfo fácil sobre Zouleiha Abzetta Dabonne, da Costa do Marfim, uma espécie de aquecimento competitivo. À segunda ronda, iria enfrentar uma polaca, Julia Kowalczyk, que já tinha derrotado em 2019 num Europeu em que seria vice-campeã.
Foram quatro minutos de uma dança em que a portuguesa tentou atacar e a polaca pouco mais fez do que se defender da pega. Kowalczyk atravessou o tempo regulamentar com uma penalização, e o combate foi para golden score. Telma manteve a estratégia, cada vez com menos explosão, os segundos foram passando e a portuguesa foi acumulando penalizações. Depois de 5m31s segundos de tempo extra, recebeu a terceira penalização e perdeu o combate.
Acabava aqui a sua quinta participação olímpica e os cinco anos deste quinto ciclo. Pior que no Budokan de Tóquio, só nos Jogos de Londres em 2012, eliminada logo ao primeiro combate. Nos dois primeiros (2004 e 2008) ganhou dois e, em 2016, teve o seu grande dia olímpico, com uma medalha de bronze.
“Dei tudo e, se pudesse, dava mais. Ela teve uma postura muito defensiva desde o início, expectante e receosa. Percebi que tinha a estratégia certa, fixar bem a pega e tentar projectar. Depois de dez minutos é difícil ser explosiva como sou”, lamentou.
Telma já não tinha nada para dar no tapete 2 do Budokan, o pavilhão construído ao lado do Palácio Imperial para receber a estreia do judo olímpico em 1964. Ficou alguns segundos a olhar para o vazio, depois levantou-se, fez os cumprimentos protocolares e saiu. Pediu algum tempo até falar com a imprensa portuguesa presente, interiorizou a derrota e, ainda com a emoção totalmente desenhada no rosto, disse que não se sentia frustrada ou desiludida. Sentia-se triste. “Sinto que dei tudo o que tinha, saí exausta.”
"Não consigo aceitar nenhuma derrota"
“Vim como cabeça-de-série e não foi por acaso, não era por acaso que tinha ambição de chegar ao pódio, repetir o Rio, até melhor. Foi uma preparação difícil, conseguimos tirar rendimento das dificuldades. Comecei o ciclo a ser operada ao ombro, estive um ano praticamente sem competir, muitos problemas nas costas que me impediam sequer de terminar os treinos”, prosseguiu a campeão portuguesa. Nada disso serve, no entanto como desculpa. “Não consigo aceitar nenhuma derrota e não consigo pensar nas derrotas.”
Nestas circunstâncias, há sempre aquela pergunta. E agora? A resposta pretendida seria um sim ou não sobre se este tinha sido o seu último dia olímpico, ou se ainda iria aos Jogos de Paris em 2024 quando já tiver 38 anos. “Preciso de descansar. Tomar uma decisão agora é errado, já faço judo há muito tempo, não sei o que vai ser o futuro, se eu quiser ir a Paris, eu vou, tenho a certeza.”
Mas, lá está, Telma não deixa Telma ir à capital francesa de qualquer maneira. “Pensar em Paris não é só pensar ir. É um apuramento olímpico muito exigente. Não consigo pensar num apuramento mais ou menos, não posso chegar lá mais ou menos. É o nível de exigência que tenho para comigo, quero continuar a ser atleta de alta competição sabendo que posso ganhar sempre. Posso não ganhar sempre, mas tenho de saber que posso ganhar sempre, tenho de estar disponível para treinar a um nível em que posso ganhar sempre e isso não é fácil.”