Há uma medalha olímpica que pode vir para a Portugal amanhã, sobre rodas

Gustavo Ribeiro é o representante português nesta modalidade que se estreia nos Jogos. E ele é bom, muito bom

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Gustavo Ribeiro Hugo Silva / Red Bull Content Pool

E se de repente Portugal conquistasse uma medalha olímpica no skate, modalidade que se estreia no calendário olímpico em Tóquio 2020. A probabilidade não é nada remota, face ao currículo do ainda jovem Gustavo Ribeiro. Mas a hipótese de atingir o estrelato quase que de um momento para o outro, aparentemente, não está a afectar muito o skater lisboeta, de 20 anos.

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E se de repente Portugal conquistasse uma medalha olímpica no skate, modalidade que se estreia no calendário olímpico em Tóquio 2020. A probabilidade não é nada remota, face ao currículo do ainda jovem Gustavo Ribeiro. Mas a hipótese de atingir o estrelato quase que de um momento para o outro, aparentemente, não está a afectar muito o skater lisboeta, de 20 anos.

“Tive o meu primeiro dia de treinos, de manhã e à tarde [de quinta-feira]. É incrível mesmo, uma coisa gigante e com imensos obstáculos. Ainda vou ter mais três treinos para me adaptar melhor mas é incrível. O que quero? Que corra tudo bem e que traga uma medalha para casa. Ansiedade? Se calhar na noite anterior da competição posso ter alguma coisa mas gosto de lidar com a pressão, por isso para mim é tudo tranquilo”, disse na conferência de imprensa onde esteve ao lado de outros atletas nacionais.

A coisa gigante e com imensos obstáculos a que Gustavo Ribeiro se estava a referir é o percurso da competição onde, à 1h da manhã de domingo, o skater português vai tentar, primeiro a qualificação para, às 4h25, e se tudo correr bem, lutar pelas medalhas.

Simular o ambiente urbano

A competir na variante street, o percurso tenta simular um ambiente urbano real, com uma sucessão de obstáculos, onde os skaters executam vários movimentos e truques, em escadas, corrimãos, paredes, bancos ou parapeitos.

Depois é esperar a avaliação dos cinco juízes, que terão em consideração factores como o grau de dificuldade das manobras, a altura a que são executadas, a velocidade e a originalidade das mesmas. Tudo isto acompanhado por música.

Gustavo Ribeiro está habituado. “Quando estou a andar com os meus amigos não gosto de ouvir música, porque desconcentro-me uma ‘beca’. Ouço música antes de um campeonato - estou sempre a ouvir música antes de um campeonato – ou quando estou no skatepark a andar sozinho”, confessou numa entrevista reproduzida no site da Red Bull, que o patrocina.

Mas, afinal, qual é o tal currículo que Gustavo Ribeiro tem para apresentar e que o fazem como uma das esperanças portuguesas em subir a um pódio nestes Jogos Olímpicos?

Para começar foi o primeiro português a vencer o Tampa AM, o mais antigo campeonato de skaters amadores, ainda em 2017. Este triunfo assegurou a sua presença no SLS Pro Open 2018, em Londres, onde chegou às finais, terminando em 7.º lugar.

Seguiu-se um 3.º lugar no AM Street Dew Tour, em Long Beach, e, ainda em 2019, o triunfo num dos mais importantes campeonatos de skate da Europa – “O Marisquiño”, que se disputa em Vigo, Espanha.

Já foi 3.º do ranking mundial

Já em 2019, Gustavo Ribeiro qualificou-se para os SLS World Championships onde atingiu as meias-finais e conseguiu o seu primeiro 9 da carreira. A boa prestação valeu-lhe um lugar na edição do SLS World Tour, concretizando um dos sonhos da sua carreira. A partir daí foi sempre a subir.

O português largou definitivamente o amadorismo e tornou-se profissional, chegando ao terceiro lugar do ranking mundial.

Uma lesão num ombro a 22 de Maio deste ano, afastou-o de algumas provas, incluindo o Mundial, levando a que descesse para a quinta posição no ranking mundial. Mas nem isso, nem o facto de ser um dos mais jovens a competir em Tóquio afecta a sua confiança num bom resultado: “Vou com o objectivo de ganhar uma medalha de ouro. Vou lá tentar fazer o meu máximo. Todas as pessoas que lá estão são muito boas, todos podem ganhar, mas já que estou lá, vou com o objectivo de ganhar, como é lógico.”

Convicção não lhe falta. E se ela for tão certeira como quando desafiou os seus pais para que aceitassem que deixasse a escola e passasse a dedicar-se em exclusivo ao skate, o risco de Gustavo Ribeiro conquistar mesmo uma medalha é grande.

Com 17 anos, quando o skate ainda era apenas um hobby, Gustavo lançou o desafio aos seus progenitores. Ele conta a história na primeira pessoa. “Se eu for ao Mundial (que era daí a dois meses) e ganhar, vocês dão-me a autorização de eu sair da escola. Os meus pais disseram: primeiro ganha e depois falamos sobre isso. Passados dois meses fui ao Mundial e ganhei. Cheguei a casa e a primeira coisa que disse aos meus pais foi: tínhamos um acordo, portanto vou dedicar-me 100% ao skate”.

A poucas horas do início da sua participação nos Jogos, Gustavo Ribeiro só não revelou se lançou algum desafiou aos pais caso conquiste a tão desejada medalha olímpica.