Gulbenkian e Ministério da Educação avançam com formação de professores na área da educação socioemocional
O projecto, que visa a “promoção da literacia emocional”, deverá arrancar já no próximo ano lectivo.
A Fundação Calouste Gulbenkian e o Ministério da Educação fecharam um acordo que visa implementar, já no próximo ano lectivo, um projecto de formação de professores na área da educação socioemocional. Tudo porque se concluiu que “um elemento essencial na promoção da literacia emocional passa pela formação inicial de professores”, pode ler-se no comunicado.
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A Fundação Calouste Gulbenkian e o Ministério da Educação fecharam um acordo que visa implementar, já no próximo ano lectivo, um projecto de formação de professores na área da educação socioemocional. Tudo porque se concluiu que “um elemento essencial na promoção da literacia emocional passa pela formação inicial de professores”, pode ler-se no comunicado.
O anúncio foi feito pelo director do Programa Gulbenkian Conhecimento, Pedro Cunha, no âmbito de um evento online dinamizado pela Associação Mente de Principiante, organização com intervenção no desenvolvimento pessoal desde a infância. “Já não questionamos porquê, nem para quê, mas como vamos fazer para implementar”, realçou.
Até porque é certo que vai avançar, depois da aprovação em Conselho de Ministros do Plano 21/23 Escola+, um Plano Integrado para a Recuperação das Aprendizagens, que prevê, entre os objectivos estratégicos, o investimento no bem-estar social e emocional.
A iniciativa surge como uma consequência directa do facto de a educação socioemocional ter “vindo a assumir uma importância crescente e comprovada em contexto escolar”, de que é exemplo o projecto Calmamente - Aprendendo a Aprender-se, implementado no horário curricular de quatro escolas do Agrupamento de Escolas Abel Salazar, em Matosinhos.
O Calmamente foi dinamizado pela Associação Mente de Principiante, com o apoio das Academias Gulbenkian do Conhecimento e monitorizado pelo Instituto Universitário da Maia (ISMAI), e chegou a mais de 400 alunos (entre os 8 e os 11 anos) e a 13 docentes — num total de 19 turmas e foram trabalhadas as áreas do autoconhecimento, a empatia e a auto-regulação emocional.
Andreia Espain, fundadora da Associação Mente de Principiante, diz ao PÚBLICO que a formação de professores na área das emoções é um “reconhecimento do impacte positivo do projecto Calmamente - Aprendendo a Aprender-se, mas também de todos os outros que integraram as Academias Gulbenkian do Conhecimento”. O Programa Gulbenkian Conhecimento é a maior rede europeia que trabalha com projectos de competências sociais e emocionais em Portugal, e onde está integrada a Associação Mente de Principiante.
Carla Peixoto, coordenadora científica do estudo de avaliação e monitorização do Calmamente, do ISMAI, disse no evento online que “ninguém acredita já que o papel da escola é transmitir apenas competências cognitivas e académicas, mas sim, também, competências sociais e emocionais”. Para o justificar, foram referidos dados de um outro estudo desenvolvido pela sua equipa de investigação, em 2020, que demonstram que os professores acreditam na integração curricular da educação socioemocional, apontando como um dos principais entraves “a falta de formação dos docentes.”
Nesse sentido, Andreia Espain, que é também professora de Economia do ensino secundário, afirma que a formação de professores na educação socioemocional é “fundamental porque os currículos de formação dos professores têm que ser revistos uma vez que ainda estão muito presos a uma escola que já não existe.”
Texto editado por Carla B. Ribeiro