Cristas considera que Nuno Melo tem “todas as condições” para liderar CDS “se quiser”
Retirada da vida política, a ex-presidente do CDS diz-se entristecida por ver o partido nas notícias sempre pelas más razões. Sobre uma eventual disputa de liderança, diz: “Quem fala em Nuno Melo, fala em Cecília Meireles ou em Adolfo Mesquita Nunes”.
A ex-líder do CDS-PP Assunção Cristas considerou que o eurodeputado Nuno Melo tem “todas as condições” para liderar o partido se quiser e defendeu que “alguma coisa tem de acontecer” para o centro-direita ter “algum eco.
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A ex-líder do CDS-PP Assunção Cristas considerou que o eurodeputado Nuno Melo tem “todas as condições” para liderar o partido se quiser e defendeu que “alguma coisa tem de acontecer” para o centro-direita ter “algum eco.
Assunção Cristas foi entrevistada esta quarta-feira à noite na RTP3, no programa “Grande Entrevista” e, questionada sobre a possibilidade de Nuno Melo se candidatar à presidência do CDS, começou por ressalvar que “seria muito indelicado” fazer “comentários desse tipo, havendo uma direcção do CDS eleita”.
“Nuno Melo foi meu vice-presidente, tenho uma enorme estima por ele, e tem todas as condições de um dia, em querendo, poder vir a ser líder do CDS”, disse, no entanto, Cristas considerou também que é ao seu antigo vice-presidente que “compete analisar e avaliar essas circunstâncias” e defendeu que “quem fala em Nuno Melo, fala em Cecília Meireles ou em Adolfo Mesquita Nunes”.
“Qualquer um deles tem condições para um dia poder vir a assumir essas funções. Agora, o momento, as circunstâncias em que isso pode vir a acontecer, não me cabe a mim comentar”, realçou.
Questionada se admite tomar partido numa eventual disputa pela liderança no próximo congresso, que deve acontecer no início do próximo ano, Assunção Cristas salientou que se retirou da vida política, vai dedicar-se em pleno às funções académicas quando terminar o mandato de vereadora em Lisboa, e que planeia manter-se “bastante discreta e silenciosa nos próximos tempos”.
Quanto à possibilidade de disputar um regresso à liderança do CDS, sublinhou que “este ciclo da política fechou-se” e que estará “totalmente fora dessa corrida” no próximo congresso.
Confrontada com as sondagens que apontam para uma descida do CDS-PP nas intenções de voto, Cristas disse que a entristece “ver o CDS nas notícias sempre pelas más razões e a não ser ouvido nas suas propostas, nas suas alternativas e naquilo que tem para dizer ao país”.
“Isso é que eu esperava que o CDS começasse a conseguir fazer. Tem um grupo parlamentar com pessoas de grande qualidade e era bom que nós pudéssemos ouvir mais o CDS por essas razões e menos pelo comentário àquilo que são obviamente notícias menos simpáticas”.
“Tenho pena que às vezes o trabalho que aqueles cinco deputados fazem não possa ser mais ouvido e mais ampliado. Quando estamos na oposição naturalmente que aquilo que se faz no parlamento é muito importante, e eu sei que estes deputados têm trabalhado muitíssimo”, acrescentou, apontando que a “diversidade de sensibilidades, que foi sempre uma marca do CDS, é muito importante para que o partido possa ser mais ouvido e ampliar a sua mensagem”.
Ressalvando que as sondagens “valem o que valem”, Assunção Cristas defendeu que “alguma coisa tem de acontecer para este espaço político do centro-direita moderada, social, democrática, humanista, personalista pode ter aqui algum eco”.
“Isso parece-me que tem de acontecer, até porque é um espaço que não há outro partido que o ocupe”, sublinhou.
Sobre as eleições autárquicas, a ex-presidente do CDS reiterou que, face ao resultado do partido em Lisboa nas últimas eleições autárquicas (21%, que permitiu a eleição de quatro vereadores), “faria todo o sentido que encabeçasse uma coligação com o PSD” na capital.
Questionada se nessas circunstâncias teria sido candidata, Cristas respondeu que “em primeiro lugar era preciso que houvesse condições para o CDS liderar essa coligação e elas nem sequer foram criadas”.
No sábado, o também líder da distrital centrista de Braga confirmou à agência Lusa que vai apresentar uma moção no próximo congresso do partido, mas disse que a decisão de avançar para a liderança apenas vai ser tomada depois das eleições autárquicas.