Poluição luminosa vai ser medida na Madeira para ajudar aves marinhas
Os primeiros fotómetros para recolha de dados sobre a luminosidade já estão instalados na zona Leste da ilha.
Um laboratório que identifica os pontos onde a luminosidade artificial excessiva perturba a vida das aves marinhas, sobretudo cagarras, começou a ser instalado na zona este da Madeira, anunciou esta quarta-feira a Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA).
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Um laboratório que identifica os pontos onde a luminosidade artificial excessiva perturba a vida das aves marinhas, sobretudo cagarras, começou a ser instalado na zona este da Madeira, anunciou esta quarta-feira a Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA).
Os primeiros dos cerca de 30 fotómetros previstos para recolha de dados sobre a luminosidade na zona Leste da ilha já foram instalados por astrónomos do Instituto de Astrofísica de Canárias e técnicos da organização portuguesa, afirma a SPEA em comunicado.
Os fotómetros são pequenos aparelhos que vão mapear a poluição luminosa e medir o impacto da luz artificial nocturna sobre a biodiversidade.
“As aves marinhas, devido aos seus olhos sensíveis, ficam desorientadas e são vítimas de encadeamento ao saírem dos seus ninhos. Isso pode fazer com que colidam com infra-estruturas, sejam atropeladas, se tornem presas de cães e gatos ou até morram de desidratação”, explicou a SPEA, destacando “a importância da adopção de iluminação pública adequada, levando em consideração a eficiência energética, mas também o impacto na biodiversidade”.
Os dados recolhidos, em conjunto com o seguimento GPS de cagarras adultas, “vão permitir identificar as áreas mais problemáticas para as aves marinhas em relação à poluição luminosa na ilha, permitindo priorizar locais que necessitem de alterações na iluminação”, acrescentou.
A cagarra faz o ninho em cavidades naturais, como fendas nas rochas, sob amontoados de pedras ou escavadas no solo, e põe apenas um ovo por época reprodutora. Ambos os progenitores cuidam da cria, fazendo muitas vezes longas viagens pelo mar, em busca de alimento, explicou a SPEA.
“Apesar de viver mais de 30 anos, o facto de pôr apenas um ovo e de levar tanto tempo a atingir a idade reprodutora faz com que a espécie seja muito vulnerável a ameaças como a predação por espécies invasoras, as capturas acidentais na pesca, a perda de habitat, caça ilegal e, claro, a poluição luminosa”, destacou.
Instalado no âmbito do projecto Interreg Mac Energy Efficiency Laboratories (EELabs), este é, segundo a SPEA, o terceiro projecto na região dedicado à exclusivamente à avaliação da poluição luminosa. Para lá desta instalação na Madeira, o EELabs está também a decorrer na ilha do Corvo, nos Açores, e nas ilhas de Gran Canária e Tenerife, em Espanha, com a instalação de mais de uma centena de equipamentos.