Mesmo com o travão da pandemia, Portugal continua a liderar produção de bicicletas na UE

Segundo o Eurostat, Portugal até produziu menos meio milhão de unidades. Mas valor das exportações aumentou 6,25% face a 2019, segundo a associação do sector.

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RTE tem, em Portugal, a maior unidade de montagem de bicicletas da Europa Teresa Pacheco de Miranda

Portugal conseguiu manter em 2020 a primeira posição entre os países produtores de bicicletas, no conjunto dos 27 países da União Europeia (UE), anunciou esta terça-feira o Eurostat. Segundo estimativas deste organismo, o país produziu 2,6 milhões de bicicletas, menos meio milhão de unidades que no ano anterior, mas, em ano de pandemia, das fábricas nacionais saíram, ainda assim, mais meio milhão do que da Itália, que tinha sido ultrapassada por Portugal em 2019 e continua a ser o segundo produtor do continente. 

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Portugal conseguiu manter em 2020 a primeira posição entre os países produtores de bicicletas, no conjunto dos 27 países da União Europeia (UE), anunciou esta terça-feira o Eurostat. Segundo estimativas deste organismo, o país produziu 2,6 milhões de bicicletas, menos meio milhão de unidades que no ano anterior, mas, em ano de pandemia, das fábricas nacionais saíram, ainda assim, mais meio milhão do que da Itália, que tinha sido ultrapassada por Portugal em 2019 e continua a ser o segundo produtor do continente. 

Os dados estatísticos agora divulgados, referentes a bicicletas e triciclos não motorizados, actualizaram, para cima, os números provisórios da produção de 2019, nos quais Portugal aparecia destacado com 2,7 milhões de unidades produzidas. Na nova tabela do Eurostat, esse valor é agora de 3,14 milhões, o que, comparado com as 2,6 milhões de bicicletas saídas das fábricas em 2020, dá a referida quebra de meio milhão.

Aumentar

Olhando para estes dados, os 12,16 milhões de bicicletas produzidas na Europa em 2020, ano de pandemia, continuam aquém do recorde de 2015 (13,7 milhões), mas representam um aumento ligeiro face às doze milhões de unidades produzidas em 2019. A diferença deve contudo ser maior, na UE a 27, pois faltam ainda dados de alguns países com produções menores, e da Roménia, que vem aumentando o seu peso e já fazia 524 mil bicicletas, há dois anos.

Covid-19 afectou indústria

Em Portugal, como na Europa, o sector teve problemas no funcionamento de algumas fábricas, provocados, principalmente, por rupturas no abastecimento global de componentes para esta indústria. Ao mesmo tempo, nas lojas assistiu-se a um forte aumento da procura. No continente, incluindo o Reino Unido, foram vendidos 22 milhões de bicicletas no ano passado, um aumento de 11%, segundo a confederação europeia de fabricantes deste sector.

As quebras em alguns países foram compensadas com o aumento de produção no leste europeu, onde a Polónia vai mordendo os calcanhares à Alemanha (1,3 milhões de unidades), com as suas 1,09 milhões de bicicletas produzidas. Note-se que o dono da maior fábrica de montagem de bicicletas da Europa, a portuguesa a RTE, de Vila Nova de Gaia, que tem como maior cliente o grupo Decathlon, está a expandir a sua produção para este país, este ano.

Mesmo com menos bicicletas produzidas em Portugal, em termos de exportações, a associação portuguesa do sector dá conta que, segundo o INE, o país registou um aumento, dos 400 milhões de euros do ano anterior, para 425 milhões (+6,25%). No ano passado, segundo o secretário-geral da Abimota, foram feitos investimentos de cem milhões de euros no aumento de capacidade de produção. E este ano, Março, Abril e Maio, com 160 milhões de exportações, são os melhores meses de sempre da indústria, diz Gil Nadais, antecipando outro bom ano para este sector. 

Plataforma para exportações

A estratégia do sector passa pelo aumento do valor acrescentado das bicicletas e componentes produzidos em Portugal, país que este ano passou a contar, por exemplo, com a primeira fábrica de produção de quadros em carbono fora do continente asiático, a Carbon Team. O investimento de 8,4 milhões de euros, que junta, em Vouzela, várias empresas portuguesas, uma alemã e outra de Taiwan, permitiu a criação de 120 novos postos de trabalho. A Carbon Team já prevê a possibilidade de expansão da fábrica recém-inaugurada, em linha com o aumento da procura que impulsiona o sector, globalmente. Neste momento, a meio de 2021, explicou Gil Nadais, há empresas portuguesas com toda a produção de 2022 já “vendida”.

Apesar desta dinâmica, e tendo em conta a dificuldade de realização de feiras do sector, um importante ponto de contacto da produção portuguesa com os seus clientes internacionais, a Abimota vai apresentar esta semana uma nova plataforma para fazer chegar a capacidade de montagem e de produção de quadros e outros componentes ao mercado europeu. A ferramenta, criada no âmbito da iniciativa Portugal Bike Value, que desde 2015 apoia a internacionalização desta indústria, vai incluir uma base de dados com vídeos, imagens tridimensionais e informação técnica da produção disponível em Portugal, bem como contactos dos fabricantes.