PSD e CDS querem ouvir Eduardo Cabrita na AR sobre festejos do Sporting

Partidos mostram-se desinteressados da criação de uma comissão de inquérito sobre o caso. PAN admite ponderar chamar ministro à comissão de acompanhamento da covid-19, mas defende que a sua total ausência de sentido de prevenção e planeamento já o deviam ter feito sair do Governo.

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O ministro e a inspectora-geral da Administração Interna na apresentação do relatório LUSA/ANTÓNIO PEDRO SANTOS

O PSD e o CDS querem ouvir o ministro da Administração Interna no Parlamento sobre os festejos do Sporting, em Maio passado. A audição foi primeiro pedida pelos sociais-democratas, com carácter de urgência. Os esclarecimentos de Eduardo Cabrita são a prioridade dos deputados do PSD, afastando para já a hipótese de uma comissão parlamentar de inquérito sobre o caso.

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O PSD e o CDS querem ouvir o ministro da Administração Interna no Parlamento sobre os festejos do Sporting, em Maio passado. A audição foi primeiro pedida pelos sociais-democratas, com carácter de urgência. Os esclarecimentos de Eduardo Cabrita são a prioridade dos deputados do PSD, afastando para já a hipótese de uma comissão parlamentar de inquérito sobre o caso.

“A prioridade é ouvir o ministro, não descartando ouvir outras personalidades, incluindo o presidente da Câmara de Lisboa, que seguramente tem explicações a dar”, afirmou ao PÚBLICO Carlos Peixoto, vice-presidente da bancada do PSD. A criação de uma comissão parlamentar de inquérito sobre os acontecimentos – como sugeriu no domingo à noite, na TVI, o ex-líder do CDS, Paulo Portas, –  “não se coloca neste preciso momento”, acrescentou.

Os partidos mostram, aliás, prudência sobre essa hipótese. O CDS anunciou entretanto que também vai pedir a audição do ministro. O PCP, numa resposta enviada ao PÚBLICO, assume que está longe do cenário da comissão de inquérito: “Aguardamos o apuramento que foi prometido pelo Governo e não temos nenhuma ponderação feita nesse sentido”. E o Bloco também entende que o que interessa é ter respostas. “Os esclarecimentos necessários, tanto sobre a intervenção do Governo como sobre actuação das forças de segurança, podem e devem ser prestados mesmo sem comissão de inquérito.”

Já a líder do PAN, Inês de Sousa Real lembra que existe uma comissão parlamentar de acompanhamento da covid-19 onde o ministro poderia ser ouvido neste âmbito e admite mesmo ponderar chamar Eduardo Cabrita para ali prestar esclarecimentos. “A questão é grave e mostra a ausência de planeamento adequado. É preciso apurar responsabilidades políticas e o ministro é responsável pela forma atabalhoada como o caso foi gerido e não previu a necessidade de controlar os festejos.” A deputada acrescenta que já houve “problemas e erros sistemáticos com esta tutela” que comprovam a necessidade de o primeiro-ministro “remodelar o ministro que é responsável pela segurança e saúde públicas”.

O ministro tem acumulado polémicas, lembra Inês de Sousa Real, desde as golas anti-fumo, o assassinato de Ihor Homenyuk no SEF do aeroporto de Lisboa, o acidente mortal na A6, o Russiagate (que exigia uma articulação entre a Câmara de Lisboa e o MAI). “Há responsabilidades políticas que têm que ser assumidas e que já tardam”, vinca, acrescentando que Cabrita está envolvido num manto de “inaptidão e descrédito excessivo para as funções que exerce”.

No requerimento da audição do ministro da Administração Interna, o PSD acusa Eduardo Cabrita tresler o relatório da Inspecção-Geral da Administração Interna (IGAI) e de ter procurado, “como tem feito noutros casos, transferir para outros as responsabilidades que são suas”.

Os sociais-democratas citam o relatório para referir que foi o ministro que, na véspera da conquista do campeonato de futebol pelo Sporting, validou “a realização dos festejos exactamente nos moldes em que estes vieram a ocorrer, contrariando o proposto pela direcção nacional da PSP”, e que incluíram um desfile dos jogadores pela cidade acompanhado por um trio eléctrico. As celebrações juntaram milhares de adeptos. 

A transferência de responsabilidades e as “informações contraditórias entre si que têm vindo a público” sobre o caso levaram o PSD a pedir uma audição ao ministro da Administração Interna. O presidente da câmara de Lisboa, Fernando Medina, não quis comentar o relatório da IGAI, assumindo apenas que já o leu. Com Maria Lopes