CPLP: Presidência angolana dá prioridade à economia e sugere criação de banco de investimento
Estados-membros aproveitam a XIII Cimeira da CPLP para manifestar a sua solidariedade “ao povo irmão de Moçambique pelo sofrimento” em Cabo Delgado. Portugal acelera na mobilidade entre países.
As prioridades da presidência angolana da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa para o próximo biénio passam pela cooperação económica e pela diversificação das economias. Este sábado, na sessão de encerramento da XIII Cimeira de Chefes de Estado e de Governo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, em Luanda, o Presidente angolano sugeriu a criação de um Banco de Investimento da CPLP que permita valorizar o potencial económico dos Estados-membros e transformar a organização numa “força económica relevante”.
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As prioridades da presidência angolana da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa para o próximo biénio passam pela cooperação económica e pela diversificação das economias. Este sábado, na sessão de encerramento da XIII Cimeira de Chefes de Estado e de Governo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, em Luanda, o Presidente angolano sugeriu a criação de um Banco de Investimento da CPLP que permita valorizar o potencial económico dos Estados-membros e transformar a organização numa “força económica relevante”.
“A crise sanitária provocada pela covid-19 obrigou todos os países a observar dolorosas medidas de biossegurança e redução de actividade económica e de circulação de pessoas e obrigou a alterar a forma de relacionamento entre os países e as pessoas, mas não nos deve impedir de diversificar as economias”, disse João Lourenço, afirmando: “É indispensável tornar mais atractivas as nossas economias e explorar a sua complementaridade, aumentando trocas comerciais e investimentos cruzados.”
“Defendemos a valorização das potencialidades existentes nos mais diversos sectores económicos e sociais dos Estados-membros da nossa organização, através do fomento da produção nacional e das exportações, para que possamos satisfazer as expectativas de milhões de cidadãos do nosso espaço comunitário”, sublinhou o Presidente angolano.
Angola propõe a inclusão de um novo pilar económico e empresarial nos objectivos da sua presidência rotativa da CPLP, tendo em vista a necessidade da promoção do desenvolvimento sustentável e da expansão do mercado intracomunitário, através de parcerias económicas e empresariais entre os Estados-membros.
João Lourenço considera que a actividade da CPLP não se restringe às questões económicas e, neste período de pouco mais de duas décadas, têm sido dados passos significativos em outras áreas de cooperação, em especial na promoção da língua portuguesa, na concertação política e na frente cultural. Por outro lado, disse que a mobilidade continua a ser um dos grandes desafios para a comunidade, sendo decisiva para uma maior aproximação entre os povos e aprofundamento da cooperação económica, bem como o enriquecimento da língua portuguesa e intercâmbio cultural e turístico.
“Isso permitirá que milhões de cidadãos dos nossos países beneficiem de forma concreta dos ganhos e vantagens da pertença a uma comunidade que se expande por países de quatro continentes, com formas próprias de vida e de expressão cultural e artística”, acredita o governante, salientando que há ainda “um caminho a percorrer” para materializar “esta vontade aqui manifestada e que reflecte a vontade” dos povos lusófonos.
O Acordo de Mobilidade no âmbito da organização, aprovado sexta-feira no Conselho de Ministros da CPLP, é considerado o passo mais importante da organização até agora. O primeiro-ministro, António Costa, também presente na cimeira, aproveitou para anunciar que o Governo vai levar já ao Parlamento este acordo, tendo em vista que seja ratificado logo no início da próxima sessão legislativa, em Setembro.
O Presidente de Angola aproveitou o encerramento da cimeira para exprimir solidariedade dos países membros da CPLP. “Os Estados-membros da organização aproveitam esta ocasião para manifestar a sua solidariedade ao povo irmão de Moçambique pelo sofrimento provocado pelas acções de terrorismo que atingiram seriamente a província de Cabo Delgado”, disse ainda, sublinhando que o encontro reforçou “a necessidade de uma cooperação multilateral que concorra para uma resposta rápida aos desafios presentes e futuros, e para uma saída da grave crise sistémica”, disse.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, doou o Prémio José Aparecido de Oliveira da CPLP à Caritas de Moçambique para apoiar organizações não-governamentais que operam em Cabo Delgado.