Chega suspende ex-líder e deputado dos Açores e prepara expulsão do partido
André Ventura retirou a confiança política ao líder açoriano do partido na quarta-feira, mas ao contrário do que o Chega pretendia, Carlos Furtado não deixa o Parlamento regional e passa a deputado não-inscrito.
O ex-líder regional e deputado do Chega na Assembleia Regional Legislativa dos Açores, Carlos Furtado, foi suspenso do partido por 90 dias depois de na quarta-feira ter perdido a confiança política do Chega. Mas o objectivo é, a prazo, expulsá-lo do partido e a comissão de ética já fez essa proposta ao conselho de jurisdição do Chega.
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O ex-líder regional e deputado do Chega na Assembleia Regional Legislativa dos Açores, Carlos Furtado, foi suspenso do partido por 90 dias depois de na quarta-feira ter perdido a confiança política do Chega. Mas o objectivo é, a prazo, expulsá-lo do partido e a comissão de ética já fez essa proposta ao conselho de jurisdição do Chega.
A comissão de ética, coordenada pelo mandatário da candidatura presidencial de André Ventura, Rui Paulo Sousa, que é também vogal da direcção nacional, decidiu nesta sexta-feira suspender o ex-deputado do Chega por três meses e anunciou que “vai ser proposta a sua expulsão ao conselho de jurisdição”, de acordo com informação disponível no site do partido.
A decisão da comissão de ética foi motivada pelas “declarações proferidas pelo ex-deputado numa entrevista à TVI, e considerando a gravidade das mesmas e o facto de não corresponderem à verdade dos factos”, anunciou o partido.
Na entrevista, Carlos Furtado queixa-se de que foi alvo de uma “campanha de escárnio” contra si e o seu trabalho durante várias semanas e meses e que, apesar de ter avisado a direcção nacional (liderada por André Ventura), o conselho de jurisdição e a comissão de ética, e as pessoas que “são militantes não foram devidamente admoestadas” pelo que lhe estavam a fazer. E acusava o outro deputado, José Pacheco, de responsabilidades. “Ele que pretendia este resultado, que faça bom proveito do partido Chega porque para mim, chega.”
Com a suspensão provisória, Carlos Furtado perde “todos os mandatos e funções” e deixa também de ter “capacidade eleitoral activa e passiva”. A decisão sobre a sua expulsão vai ser tomada pelo conselho de jurisdição, que é actualmente presidido por Rodrigo Alves Taxa (assessor jurídico do gabinete de André Ventura na Assembleia da República).
Carlos Furtado foi reeleito presidente do Chega-Açores a 1 de Maio, para um mandato de três anos, já depois de algumas polémicas e divergência com o outro deputado do partido, José Pacheco. Na terça-feira, tinha dito que não tinha condições para continuar a liderar o partido na região, por estar estar sob uma “enorme pressão profissional, pessoal e política” que tem condicionado o seu trabalho à frente da direcção regional, e já havia comunicado a sua decisão a André Ventura no fim-de-semana passado. O também deputado regional disse sentir “mágoa” por não conseguir criar as condições para “desenvolver um projecto à dimensão” do partido nos Açores.
Como resposta, André Ventura retirou-lhe a confiança política, avançou que o também deputado deixava de representar o partido na Assembleia Regional, e disse ainda esperar que Carlos Furtado renunciasse ao mandato de deputado. O presidente do Chega acusou o seu ex-líder regional de “excessiva subserviência ao PSD" e de “intensa e aprofundada conflitualidade interna”. Carlos Furtado, que garantiu que tem trabalhado com toda a “isenção”, decidiu, porém, manter-se no Parlamento como independente.
“O processo já está resolvido: eu passei à condição de independente, já foi feita essa comunicação à assembleia regional. O grupo parlamentar já deixou de ser grupo parlamentar e passou a representação parlamentar e eu já estou a ocupar outro lugar no hemiciclo”, afirmou Furtado ao PÚBLICO ainda na quarta-feira, quando se encontrava na Horta, ilha do Faial, para o plenário da assembleia legislativa que ali decorreu durante esta semana.