Três projectos portugueses contemplados nos Prémios FAD de Arquitectura e Interiores 2021
Pavilhão Inbetween, em Ponta Delgada, e livro Palladio e Moderno, de José Miguel Rodrigues, foram premiados em Barcelona. A Casa no Tâmega, de Nuno Sousa e Hugo Ferreira, recebeu uma menção do júri.
Uma obra de arquitectura efémera nos Açores, a edição de um livro no Porto e uma casa em Marco de Canaveses valeram para a arquitectura portuguesa dois prémios e uma menção na edição deste ano dos prestigiados Prémios FAD de Arquitectura e Interiores, anunciados ao final da tarde desta quinta-feira em Barcelona.
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Uma obra de arquitectura efémera nos Açores, a edição de um livro no Porto e uma casa em Marco de Canaveses valeram para a arquitectura portuguesa dois prémios e uma menção na edição deste ano dos prestigiados Prémios FAD de Arquitectura e Interiores, anunciados ao final da tarde desta quinta-feira em Barcelona.
As criações em causa são o pavilhão Inbetween em Ponta Delgada (São Miguel, Açores), um projecto do Ponto Atelier, de Pedro Ribeiro e Ana Ferreira, distinguido na categoria Instalações Efémeras; a edição do livro Palladio e o Moderno, de José Miguel Rodrigues (Circo de Ideias), na categoria Pensamento e Crítica; e a Casa no Tâmega, de Hugo Ferreira e Nuno Sousa, que valeram aos autores uma menção do júri na categoria Arquitectura.
A escolha da instalação nos Açores foi justificada pelo júri por se tratar de “uma obra de expressão sensível, enigmática e reveladora do sentido de pertença a um território”. Trata-se de “um pavilhão para walk & talk”, segundo a descrição dos autores, instalado no Verão passado numa clareira verde do Parque Urbano de Ponta Delgada. “Um recinto puro e negro que protege, sem o fechar totalmente, o conteúdo da exposição, e define um volume simples que consegue activar contrapontos dialécticos fortes”, diz ainda o júri, que vê também em Inbetween, pela relação que estabelece com a terra e o céu envolventes, “uma obra que fala do que é efémero, mas também do que é eterno”.
O livro Palladio e o Moderno, uma “lição” de arquitectura publicada em 2020 pela editora portuense Circo de Ideias, tem autoria de José Miguel Rodrigues e prefácio de Joana Couceiro. Reúne dois ensaios: a aula pública do autor apresentada no âmbito da sua prova de agregação em História da Arquitectura Moderna na Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto, e um texto sobre o pensamento arquitectónico de Eduardo Souto de Moura.
Passado e presente
O júri dos Prémios FAD viu nesta edição “um grande contributo para a crítica arquitectónica e para uma visão contemporânea do passado”. Realçando não ser fácil inovar na leitura do passado, o júri considera ainda mais difícil “movê-lo para o presente e fazê-lo de uma forma ao mesmo tempo acessível e sugestiva”. O ponto de maior interesse de Palladio e o Moderno reside, assim, “no reconhecimento do termo moderno como uma forma de actividade que mantém uma relação perfeita com a vida”, acompanhando diferentes obras e os seus autores ao longo da história da arquitectura. Ligar o conceito de moderno em Palladio com a noção que dele temos no presente “é uma descoberta de valor indiscutível”, nota ainda o júri.
O livro Palladio e o Moderno partilhou o Prémio FAD de Pensamento e Crítica com outra edição: Habitar el Agua, de Ana Amado Pazos e Andrés Patiño Eirín, edição espanhola com a chancela do Ministério de Agricultura, Pesca e Alimentação.
A Casa no Tâmega, construída no Lugar do Barco do Souto, chamou a atenção do júri pelo modo como os seus volumes “contrastam com a topografia acidentada do lugar” e como a “criteriosa localização da habitação no terreno estabelece um contraponto radical com a paisagem, criando um diálogo directo, mas sensível, com o espaço natural envolvente”. Os jurados vêem ainda este projecto como “um exercício bem-sucedido realizado a partir dos elementos fundamentais da arquitectura: a estrutura, a matéria, a paisagem”.
Na fase final da edição deste ano, a 63.ª, dos Prémios FAD [Fomento das Artes Decorativas] — lançados em 1958, na Catalunha, por iniciativa do arquitecto Oriol Bohigas, e desde 1996 alargados a toda a Península Ibéria —, a arquitectura portuguesa esteve ainda representada, na categoria Arquitectura, pela Casa no Restelo (Lisboa), do atelier Pedro Domingos Arquitectos; e, na categoria Arquitectura de Interiores, pelo projecto Douradores, em Lisboa, do atelier José Adrião Arquitectos.
Notícia corrigida com o acrescento da menção do júri à Casa no Tâmega.