Achado arqueológico prova presença humana em Matosinhos há quatro mil anos

A abertura de uma vala para a colocação de um muro na Rua da Antela resultou na descoberta de “vestígios arqueológicos de rituais funerários inéditos” no concelho.

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fau fabio augusto

Um povoado pré-histórico, em fossas, datado da Idade do Bronze (cerca de dois mil anos antes de Cristo) e um cemitério romano foram descobertos no início de Julho, em Lavra, Matosinhos, anunciou nesta quinta-feira em comunicado a autarquia.

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Um povoado pré-histórico, em fossas, datado da Idade do Bronze (cerca de dois mil anos antes de Cristo) e um cemitério romano foram descobertos no início de Julho, em Lavra, Matosinhos, anunciou nesta quinta-feira em comunicado a autarquia.

Os achados ocorreram na zona próxima da Rua de Antela, que está identificada no Plano Director Municipal (PDM) de Matosinhos como zona de salvaguarda patrimonial integrada na área da “villa romana” do Fontão de Antela, no âmbito de medidas preventivas de salvaguarda do património arqueológico decorrentes de uma operação urbanística em curso, acrescenta a nota de imprensa.

“Esta classificação baseou-se num conjunto de referências antigas relativas ao aparecimento de materiais arqueológicos nesta zona desde 1900, incluindo mosaicos romanos e colunas, tendo a sua área sido delimitada em 2016 na Carta Arqueológica do concelho de Matosinhos”, assinalou a autarquia.

A abertura de uma vala para a colocação de um muro na Rua da Antela, continua o comunicado, resultou na descoberta de “vestígios arqueológicos de rituais funerários inéditos” no concelho e numa área próxima foram identificadas “várias sepulturas de época romana, estando presentes quer o ritual funerário de incineração, quer ainda o ritual de inumação do corpo, assim como vários objectos arqueológicos associados às sepulturas”.

“As deposições mais antigas, do século I-II d.C., são pequenos covachos onde foram realizadas deposições com restos de ossos incinerados. Sobre a caixa foram colocados potinhos em cerâmica e outros objectos. Para além de ser a primeira vez que se encontra em Matosinhos este tipo de ritual funerário, isto também faz recuar a ocupação romana desta zona para uma época mais antiga do que conhecíamos até agora”, assinala a nota de imprensa.

Recorda o município que “as três sepulturas encontradas anteriormente na zona são do século III -- IV, uma vez que no século III d.C. o ritual de inumação foi substituindo a incineração dos corpos. Nestas sepulturas, o defunto era acompanhado com diversos pratos e jarros com oferendas de alimentos” sendo que estas foram precedidas de “uma outra sepultura cuja descoberta, em 1986, na Casa Raeiro, a pouca distância deste núcleo, foi reportada pelo padre Silva Lopes”.

Continuando a descrição dos achados mais recentes, a câmara relata serem de “um tempo ainda mais antigo” o conjunto de “fossas escavadas no solo, datáveis do 2º milénio antes de Cristo e que vêm confirmar outros achados similares na zona, da mesma época, em sondagens realizadas em 2004 pelo Gabinete Municipal de Arqueologia e História de Matosinhos”.

Estes novos achados vêm assim “confirmar a zona de Lavra como um importante núcleo do povoamento da região durante a pré-história e principalmente entre o período romano e a Idade Média”, assinala o comunicado.

A descoberta, só agoracomunicada porque, entretanto, os achados estiveram a ser identificados e classificados, explicou fonte da autarquia.

Considerando a dispersão de vestígios arqueológicos nesta zona a “Câmara Municipal de Matosinhos procederá à adopção das medidas de salvaguarda do património arqueológico, previstas no PDM, que se mostrem necessárias”, frisa o comunicado.