José António dos Santos renuncia à presidência do Crédito Agrícola da Lourinhã

Empresário diz que tem “a consciência tranquila e a plena convicção de que nenhuma actuação censurável” lhe pode “ser imputada”, na mensagem da renúncia

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Advogados de José António dos Santos à chegada ao Tribunal Central de Instrução Criminal na passada semana LUSA/RODRIGO ANTUNES

O empresário José António dos Santos, constituído arguido na operação Cartão Vermelho, renunciou esta quinta-feira ao cargo de presidente não executivo da Caixa de Crédito Agrícola Mútuo da Lourinhã por entender que a “instituição em causa deve ser protegida”.

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O empresário José António dos Santos, constituído arguido na operação Cartão Vermelho, renunciou esta quinta-feira ao cargo de presidente não executivo da Caixa de Crédito Agrícola Mútuo da Lourinhã por entender que a “instituição em causa deve ser protegida”.

“Sempre manifestei a vontade de, atingida a idade de 80 anos, terminar o meu mandato como presidente do conselho de administração não executivo da Caixa de Crédito Agrícola Mútuo da Lourinhã”, indicou, salientando que “no decurso dos eventos que vieram a público” tomou “na semana passada a decisão de antecipar para este momento o termo” do seu mandato, “que ocorreria em Outubro deste ano”.

“Assim sendo, remeti nesta data ao órgão competente da CCAM [Caixa de Crédito Agrícola Mútuo Lourinhã] a comunicação da minha renúncia ao cargo, com efeitos imediatos”, referiu numa nota a que a Lusa teve acesso.

"Consciência tranquila"

“Sublinho que o fiz neste momento, na sequência da decisão já anteriormente tomada. Tenho a consciência tranquila e a plena convicção de que nenhuma actuação censurável me pode ser imputada”, garantiu.

“Não receio qualquer juízo sobre a minha conduta ou idoneidade, mas entendo que a instituição em causa deve ser protegida face a qualquer perturbação ou instabilidade que o actual contexto pudesse vir a causar”, rematou o empresário.

O Banco de Portugal (BdP) avançou hoje à Lusa que estava a avaliar “toda a informação” relativa a José António dos Santos como chairman Crédito Agrícola Mútuo da Lourinhã. “Toda a informação está a ser devidamente ponderada pelo Banco de Portugal no exercício das suas competências”, disse fonte oficial em resposta à Lusa, quando questionada sobre se supervisor estava a reavaliar as condições do empresário José António dos Santos para continuar presidente da Caixa de Crédito Agrícola Mútuo da Lourinhã.

Também hoje, a Caixa Central do Crédito Agrícola anunciou que ordenou à comissão de avaliação interna da Caixa de Crédito Agrícola Mútuo da Lourinhã a reavaliação da idoneidade de José António dos Santos. As conclusões serão enviadas ao Banco de Portugal.

José António dos Santos, também conhecido por ‘rei dos frangos’, é fundador do Grupo Valouro-Avibom e maior accionista individual da SAD do Benfica. Foi constituído arguido no âmbito da investigação criminal Cartão Vermelho e objecto de diversas medidas de coação.

Entre os arguidos do processo estão Luís Filipe Vieira  – que também hoje apresentou o seu pedido de demissão da presidência da SAD  –, em prisão domiciliária até à prestação de uma caução de três milhões de euros e proibido de sair do país, Tiago Vieira, filho de Luís Filipe Vieira, e o agente de futebol e advogado Bruno Macedo.

A investigação envolve negócios com prejuízos para o Estado, SAD do clube e Novo Banco.

Segundo documentos relativos à investigação do Ministério Público, Vieira terá prejudicado o Novo Banco em cerca de 82 milhões de euros e ter-se-á apropriado de cerca de oito milhões de euros de uma empresa sua — a Imosteps — que vieram mais tarde a ser compensados pelo Fundo de Resolução ao Novo Banco.

O empresário José António dos Santos e Tiago Vieira são apontados na investigação como alegados cúmplices de Luís Filipe Vieira no esquema montado.

O Ministério Público diz ainda que o gestor Vítor Fernandes deu a Luís Filipe Vieira informação privilegiada quando era administrador do Novo Banco. Contudo, não é arguido nem lhe são apontados ilícitos. Vítor Fernandes estava indicado pelo Governo para chairman do Banco de Fomento, mas nomeação foi suspensa após esta polémica.