O mais vitorioso presidente do Benfica sai pela porta pequena
Luís Filipe Vieira encontra-se em prisão domiciliária até ao momento em que pagar uma caução de três milhões de euros, no âmbito das investigações que deram origem à Operação Cartão Vermelho.
É o fim de uma era no Benfica. Luís Filipe Vieira, simultaneamente o presidente com mais troféus conquistados e com maior longevidade à frente do emblema benfiquista, demitiu-se ontem das suas funções no clube e na Sociedade Anónima Desportiva (SAD), numa carta endereçada ao presidente da Mesa da Assembleia Geral, António Albino Andrade.
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É o fim de uma era no Benfica. Luís Filipe Vieira, simultaneamente o presidente com mais troféus conquistados e com maior longevidade à frente do emblema benfiquista, demitiu-se ontem das suas funções no clube e na Sociedade Anónima Desportiva (SAD), numa carta endereçada ao presidente da Mesa da Assembleia Geral, António Albino Andrade.
Era o desfecho anunciado desde que Vieira ficou em prisão domiciliária até ao pagamento de uma caução de três milhões de euros e, principalmente, impedido pelo juiz de instrução criminal de contactar outros elementos da direcção do clube e da SAD benfiquista, no âmbito da Operação Cartão Vermelho, na qual é acusado de ter montado um esquema financeiro para retirar dinheiro do Benfica, usando estas verbas para “benefício pessoal”, para além de ser apontado como responsável pelo aumento indevido das comissões inerentes à venda de jogadores, que depois reverteriam para empresas do universo do agora ex-líder benfiquista, para onde terão sido desviados quase 2,5 milhões de euros.
A demissão agora anunciada esclarece de forma inequívoca um processo que chegou a tornar-se algo nebuloso. Isto porque, na semana passada, quando ainda estava detido para interrogatório, Vieira anunciou a suspensão do seu cargo, levando a que a direcção do Benfica, no dia seguinte, tivesse apresentado o vice-presidente Rui Costa como seu substituto. Esta situação desagradou a Vieira que, através de Magalhães e Silva, seu advogado, expressou a amargura pela sua rápida substituição, indicar que estava a ponderar retomar o exercício das suas funções. A resposta surgiu veloz, com o Benfica a comunicar à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários que Vieira iria ser afastado do cargo no prazo de 30 dias, caso não o fizesse por iniciativa própria.
Ao início da noite desta quinta-feira, a direcção benfiquista anunciou que se reunirá nesta sexta-feira durante a manhã, para “formalizar as necessárias alterações à sua composição, de acordo com os estatutos”, devendo confirmar Rui Costa como presidente até à convocação de eleições antecipadas, já prometidas para até ao final deste ano.
Luís Filipe Vieira assumiu a presidência dos “encarnados” em 2003, tendo sido reeleito para o seu sexto mandato em Outubro do ano passado, naquelas que foram as eleições mais participadas da história do clube. Era, por isso, o presidente benfiquista há mais tempo no cargo, quase 18 anos à frente dos destinos das “águias”, período durante o qual deixou muita obra de construção civil feita, destacando-se a construção do novo Estádio da Luz e o centro de estágios do clube, no Seixal.
Do ponto de vista desportivo, também foi o presidente benfiquista com mais conquistas no currículo. No futebol, foram sete campeonatos, três Taças de Portugal, sete Taças da Liga e cinco Supertaças. Destaque ainda para a presença em duas finais de competições europeias (Liga Europa) ambas perdidas.