Era uma questão de tempo até o colombiano Ciro Guerra, nomeado para o Óscar por O Abraço da Serpente, se render ao “abraço” da produção em inglês para o mercado internacional. E não fez a coisa por menos: filmando um romance do prémio Nobel J. M. Coetzee, adaptado ao cinema pelo próprio autor, sobre imperialismo, colonização, autoritarismo, tortura. Um filme, em suma, “do tema” e muito “do nosso tempo” (muito embora o texto de Coetzee date de 1980), onde um forte imperial numa fronteira remota se torna num “posto avançado do fascismo”, com um debate entre a “civilização” do magistrado benevolente que ali se instalou (Mark Rylance, excelentíssimo) e a “autoridade” dos polícias sinistros que chegam para impor o medo (primeiro Johnny Depp, mais sóbrio do que lhe é habitual, depois Robert Pattinson, em papéis na prática secundários). Tudo isto captado pela câmara do demasiado raro mestre britânico Chris Menges.
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Era uma questão de tempo até o colombiano Ciro Guerra, nomeado para o Óscar por O Abraço da Serpente, se render ao “abraço” da produção em inglês para o mercado internacional. E não fez a coisa por menos: filmando um romance do prémio Nobel J. M. Coetzee, adaptado ao cinema pelo próprio autor, sobre imperialismo, colonização, autoritarismo, tortura. Um filme, em suma, “do tema” e muito “do nosso tempo” (muito embora o texto de Coetzee date de 1980), onde um forte imperial numa fronteira remota se torna num “posto avançado do fascismo”, com um debate entre a “civilização” do magistrado benevolente que ali se instalou (Mark Rylance, excelentíssimo) e a “autoridade” dos polícias sinistros que chegam para impor o medo (primeiro Johnny Depp, mais sóbrio do que lhe é habitual, depois Robert Pattinson, em papéis na prática secundários). Tudo isto captado pela câmara do demasiado raro mestre britânico Chris Menges.