Líder do CDS passou ao lado das críticas de Nuno Melo e pôs a tónica no combate ao PS
Na sessão de encerramento das jornadas parlamentares, Francisco Rodrigues do Santos disse que a única reflexão que se impõe ao partido é ser alternativa política ao PS
O presidente do CDS-PP, Francisco Rodrigues dos Santos, presidiu nesta terça-feira à sessão de encerramento das jornadas parlamentares do partido e fez por ignorar as críticas ferozes que Nuno Melo fez na véspera à sua liderança afirmando que a “única reflexão que se impõe” ao partido é ser alternativa política ao PS.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
O presidente do CDS-PP, Francisco Rodrigues dos Santos, presidiu nesta terça-feira à sessão de encerramento das jornadas parlamentares do partido e fez por ignorar as críticas ferozes que Nuno Melo fez na véspera à sua liderança afirmando que a “única reflexão que se impõe” ao partido é ser alternativa política ao PS.
Num longo discurso carregado de críticas ao Governo e ao PS, Francisco Rodrigues dos Santos contrariou a tese de Melo ao defender que “faz todo o sentido que o partido observe o futuro e coloque a importância na necessidade” de estar “na liderança da oposição do PS”.
Discursando perante uma pequena plateia de deputados e de dirigentes nacionais do partido, o líder democrata-cristão passou a mensagem de que o CDS deve afirmar-se como uma componente fundamental na alternativa política em Portugal”, num tempo em que o “pano de fundo” é “um cercear cada vez maior das liberdades por parte do Governo socialista, e em que os seus métodos de governo são cada vez mais totalitários e radicais”. Este foi o tom que o líder centrista usou sempre que se referiu ao executivo de António Costa.
“Tenho a certeza absoluta de que esta é a única reflexão que se impõe a todo o partido, e sobretudo, a um instrumento fundamental da acção política do CDS-PP, como é a nossa bancada parlamentar”, disse.
O eurodeputado e presidente da distrital de Braga do CDS não estava na sala, mas Francisco Rodrigues dos Santos citou uma vez o seu nome e falou por duas vezes de Famalicão, terra de onde é natural Nuno Melo. Foi a propósito da polémica que envolve dois irmãos de Famalicão que reprovaram por duas vezes por não frequentarem as aulas de cidadania, por iniciativa dos progenitores. Nessa altura, apelou ao ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, para deixar “as crianças em paz”, afirmando que são “dois brilhantes alunos”.
Num exercício de alguma ironia, o líder do CDS quis destacar o trabalho dos cinco deputados que o partido elegeu e mencionou o nome de cada um deles, mas em relação a João Almeida, que foi seu adversário na corrida à liderança do partido, foi mais longe garantindo-lhe que contará com a direcção na sua campanha à presidência da Câmara de São João da Madeira.
Francisco Rodrigues dos Santos chegou ao hotel onde decorreram as jornadas parlamentares do CDS, em São João da Madeira, na companhia de alguns elementos da sua direcção. O clima de frieza no partido foi visível quando o líder centrista desceu as escadas, na companhia do líder parlamentar, Telmo Correia, em direcção à sala onde ia presidir ao encerramento das jornadas parlamentares.
Este ambiente distante e frio contrastou com recepção calorosa que Nuno Melo teve na segunda-feira, num jantar em que foi o convidado de honra. Nesse jantar, o eurodeputado falou sobre “Os desafios da Oposição” e criticou a liderança do partido de “entrincheiramento directivo” e de “atacar os seus”, defendendo que o esforço para agregar o partido tem de partir “do topo para a base”. Mas foi mais longe ao advertir que “um partido não pode desvalorizar saída de militantes, um partido não pode estar concentrado em ajustes de contas e purgas para dentro, tendo a pretensão de ser simultaneamente eficaz para fora”, numa crítica à reacção do presidente do partido à desfiliação do ex-deputado, Francisco Mendes da Silva, e do antigo secretário-geral do CDS, Luís Varela Barreiros.