Covid-19: internamentos a subir, Lisboa e Vale do Tejo é a região com mais camas ocupadas

Esta segunda-feira, o aumento diário de internamentos em enfermaria e unidades de cuidados intensivos atingiu valores que já não se viam há cinco meses. Em Lisboa e Vale do Tejo há 344 doentes internados em enfermarias e 97 em UCI, no Norte há 102 e 34, respectivamente, no Algarve 60 e 13, no Centro 60 e 12, e no Alentejo 15 e seis.

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As unidades hospitalares da região Norte têm 34 camas de cuidados intensivos ocupadas e 102 de enfermaria Paulo Pimenta

Portugal registou este domingo mais 57 internamentos de doentes com covid-19 nos hospitais, e mais dez pessoas foram admitidas em unidades de cuidados intensivos (UCI). Em ambos os casos, trata-se de um aumento diário que já não se via desde o início de Fevereiro, há cinco meses. No total, há agora 729 pacientes hospitalizados com covid-19, dos quais 163 estão nos cuidados intensivos. Os internamentos continuam numa trajectória ascendente, distribuídos de forma desigual pelo país. Lisboa e Vale do Tejo é a região com mais camas ocupadas, seguindo-se o Norte, o Algarve, o Centro, e o Alentejo.

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Portugal registou este domingo mais 57 internamentos de doentes com covid-19 nos hospitais, e mais dez pessoas foram admitidas em unidades de cuidados intensivos (UCI). Em ambos os casos, trata-se de um aumento diário que já não se via desde o início de Fevereiro, há cinco meses. No total, há agora 729 pacientes hospitalizados com covid-19, dos quais 163 estão nos cuidados intensivos. Os internamentos continuam numa trajectória ascendente, distribuídos de forma desigual pelo país. Lisboa e Vale do Tejo é a região com mais camas ocupadas, seguindo-se o Norte, o Algarve, o Centro, e o Alentejo.

As “linhas vermelhas” de controlo da pandemia estabelecidas por diversos especialistas prevêem 245 camas como o valor crítico no conjunto dos hospitais de Portugal continental, apontando para uma distribuição regional de 85 camas no Norte, de 56 no Centro, de 84 em LVT, de 10 no Alentejo e de 10 no Algarve. Entre Novembro de 2020 e meados de Março deste ano, os internamentos em UCI nos hospitais de Portugal continental estiveram sempre acima deste limite, atingindo o máximo em Fevereiro. Desde 3 de Abril, e durante dez semanas consecutivas, que os internamentos em UCI estavam em evolução decrescente, tendo invertido o sentido no início de Junho. Há uma semana, Portugal continental tinha cerca de 55% das camas de cuidados intensivos destinadas a doentes covid-19 ocupadas, quando há cerca de um mês rondava os 20%.

Os dados divulgados pela Direcção-Geral da Saúde (DGS) e pelo Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (Insa) no relatório das “linhas vermelhas” evidenciaram também uma alteração no perfil etário das pessoas que necessitaram de cuidados continuados ao longo dos últimos meses. Se, em Abril, o grupo etário com maior número de internamentos em UCI era o dos 70 aos 79 anos, os dados indicam que, em Maio, os casos mais graves da doença passaram a ser, maioritariamente, na faixa entre os 60 e 69 anos. Já em Junho, as unidades de cuidados intensivos passaram a receber mais doentes entre os 50 e os 59 anos e, este mês, o grupo etário com maior número de casos de covid-19 internados em UCI baixou para o das pessoas entre os 40 e os 59 anos.

Lisboa e Vale do Tejo

De acordo com o boletim epidemiológico da DGS divulgado esta segunda-feira, registaram-se no domingo 1782 novos casos de infecção pelo novo coronavírus e oito mortes. A maioria das infecções voltou a ser registada na região de Lisboa e Vale do Tejo, com 864 novos casos — o que representa 48% do total do país. No mesmo sentido, é também nos hospitais desta região que se encontra o maior número de internamentos: esta segunda-feira existem 344 doentes internados em enfermarias e 97 em unidades de cuidados intensivos.

A Administração Regional de Saúde de LVT (ARSLVT) assegurou à Lusa a necessária disponibilidade de camas, e reforçou que os hospitais da região continuam a dar resposta a doentes não covid. “A região de LVT possui capacidade instalada e além disso, tal como foi demonstrado nos primeiros meses deste ano, o SNS [Serviço Nacional de Saúde] funciona em rede — com a ARSLVT a dar resposta a outras regiões quando é necessário e vice-versa”, garantiu.

Segundo o relatório das “linhas vermelhas” da pandemia, divulgado na sexta-feira, LVT atingiu 99% do limite de 84 camas em unidade de cuidados intensivos destinadas à covid-19 nesta região, com o registo de 82 doentes internados — o que corresponde a 60% do total de casos em UCI no país.

Apesar da capacidade de 84 camas em UCI que consta da análise de risco da DGS e do Insa, a ARSLVT garantiu que “os planos de contingência (para enfermaria e UCI) são dinâmicos e ajustáveis às necessidades resultantes da realidade epidemiológica”.

“No que diz respeito às UCI, a situação é acompanhada diariamente pela ARSLVT e pela CARMNI (Comissão de Acompanhamento da Resposta Nacional em Medicina Intensiva) e em função dessa análise são tomadas medidas para ajustar a disponibilidade de camas”, informou a autoridade de saúde da região de LVT.

Norte

As unidades hospitalares da região Norte têm 34 camas de cuidados intensivos destinadas a doentes covid-19 ocupadas e 102 de enfermaria, revelou esta segunda-feira a Administração Regional de Saúde do Norte (ARS-Norte), acrescentando que este número é “dinâmico”.

Quanto à taxa de ocupação nas unidades hospitalares da região, a ARS-Norte disse ser “muito difícil” estimar esse número, uma vez que o número de camas destinado aos doentes com covid-19 é “dinâmico” e as unidades de saúde “tanto podem aumentar como reduzir” o número de camas destinadas a estes doentes.

Algarve

Os hospitais do Algarve têm 60 doentes internados em enfermarias covid-19, 13 dos quais em cuidados intensivos — o que representa cerca de 50% da capacidade de camas em UCI previstas para a fase 2 do plano de contingência, disse esta segunda-feira Paulo Neves, membro do conselho de administração do Centro Hospitalar Universitário do Algarve (CHUA).

Segundo o responsável, não foram afectados outros serviços, e os hospitais algarvios estão em operação normal, tendo “ainda margem para aumentar essa capacidade, caso seja necessário”. “Temos um plano de contingência que pode ser ajustado e aumentado em função das necessidades, mas temos a perspectiva da não existência de um aumento substancial de casos da doença”, indicou.

Segundo Paulo Neves, a perspectiva “tem a ver com o número de casos registados em média nos últimos quatro dias, dado que, nesse período, não houve variação sensível no número de internamentos nos hospitais do Algarve”.

“A nossa previsão é a de que se mantenha a tendência que se verifica desde o início do mês de pessoas a necessitar de internamento hospitalar, embora estejamos preparados para responder a um eventual aumento de casos graves da doença”, sublinhou.

Na opinião do responsável, “a cobertura vacinal está a ter um papel importante no número de casos graves e de óbitos” relacionados com a doença no Algarve, exemplificando com o número baixo, quatro, de doentes internados em cuidados intensivos a necessitarem de ventilação assistida”.

Paulo Neves adiantou que as unidades hospitalares, de Faro, Portimão e de Lagos, geridas pelo CHUA “mantêm todas as actividades clínicas a funcionar normalmente” e ressalvou que “não foram suspensas as férias dos profissionais de saúde”.

“Como estamos na fase 2 e mantemos a capacidade, não vamos interromper férias, nem a actividade assistencial, porque temos de tratar de todos os doentes, os covid e não covid”, concluiu.

Centro

As unidades hospitalares da Região Centro tinham às 00h desta segunda-feira 72 doentes internados com o novo coronavírus, 60 em enfermaria e 12 em unidades de cuidados intensivos, de acordo com a Administração Regional de Saúde do Centro (ARS-Centro). Destes últimos, sete encontram-se a receber ventilação.

A taxa de ocupação é de cerca de 50% em enfermaria e 39% em UCI, adianta a ARS-Centro, explicando que “não houve alteração no número de camas activas em enfermaria”, que é de 116, nem em UCI, que totalizam 31, para doentes com covid-19. Fonte oficial da ARS-Centro esclareceu que “o número de camas activas é alterado em função da evolução da pandemia e está, permanentemente, a ser monitorizado”.

Os dados reportam-se aos centros hospitalares de Leiria, Baixo Vouga e Tondela Viseu, e aos centros hospitalares e universitários de Coimbra e Cova da Beira, assim como ao Hospital Distrital da Figueira da Foz, e unidades de saúde locais de Castelo Branco e Guarda.

Alentejo

Os hospitais do Alentejo registavam, no domingo, uma taxa de ocupação total por doentes com covid-19 de 32,6% em enfermaria e de 28,6% em unidades de cuidados intensivos, revelou esta segunda-feira fonte da Administração Regional de Saúde (ARS). Na totalidade das unidades hospitalares da região encontravam-se internados 15 doentes com covid-19 em enfermaria e outros seis em unidades de cuidados intensivos.

“A capacidade actual de camas dedicadas à covid-19 é de 46 em enfermaria e 21 em unidades de cuidados intensivos”, sublinhou a mesma fonte, assinalando que “a capacidade de resposta será sempre ajustada e tomadas as medidas necessárias” de acordo com a evolução da situação epidemiológica.

Os dados dizem respeito ao Hospital do Espírito Santo de Évora (HESE) e aos hospitais das unidades locais de saúde (ULS) do Litoral Alentejano, Norte Alentejano e Baixo Alentejo.