Prisão do ex-Presidente Zuma gera onda de violência na África do Sul
Mais de 60 pessoas foram detidas, uma pessoa morreu e há registos de motins e vandalismo urbano em várias zonas do país. Zuma começou a cumprir uma pena de 15 meses de prisão por desrespeitar uma ordem do Tribunal Constitucional.
Uma onda de protestos saiu à rua este fim-de-semana contra a prisão de Jacob Zuma, organizada por membros do Congresso Nacional Africano (ANC), que exigem a libertação do antigo Presidente, condenado por desrespeito à Justiça. Contudo, a mobilização tem sido marcada pela violência: lojas foram roubadas, estradas fechadas, pelo menos 62 pessoas foram detidas este fim-de-semana e uma pessoa morreu, revelou este domingo a polícia sul-africana.
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Uma onda de protestos saiu à rua este fim-de-semana contra a prisão de Jacob Zuma, organizada por membros do Congresso Nacional Africano (ANC), que exigem a libertação do antigo Presidente, condenado por desrespeito à Justiça. Contudo, a mobilização tem sido marcada pela violência: lojas foram roubadas, estradas fechadas, pelo menos 62 pessoas foram detidas este fim-de-semana e uma pessoa morreu, revelou este domingo a polícia sul-africana.
A detenção e consequente prisão de Zuma tem testado a capacidade da nação aplicar a lei de forma justa no pós-apartheid – mesmo contra grandes figuras políticas. Mas os desenvolvimentos do caso judicial têm causado indignação entre os seus apoiantes e expôs as fissuras do ANC.
A contestação começou na quinta-feira na província de KwaZulu-Natal, onde nasceu o antigo chefe de Estado sul-africano, que na quarta-feira começou a cumprir uma pena de 15 meses de prisão por desrespeitar uma ordem do Tribunal Constitucional da África do Sul, que lhe exigia que testemunhasse perante a comissão que investiga as acusações de corrupção que lhe foram feitas.
O movimento estendeu-se a Joanesburgo, na província de Gauteng. A polícia de Joanesburgo afirmou terem ocorrido saques e o encerramento da auto-estrada M2 e relatou disparos de tiros contra veículos que passavam. Mais de 20 camiões de transporte de mercadorias foram ainda incendiados na auto-estrada N3, junto à localidade de Mooi River. Por isso, o transporte comercial ficou praticamente paralisado na província.
Uma equipa da Reuters TV assistiu a um grupo de manifestantes munidos bastões e paus enquanto assobiavam e marchavam por Joanesburgo, onde lojas de bebidas alcoólicas foram assaltadas e as janelas partidas.
A polícia diz que o contexto de indignação tem sido aproveitado para roubos e vandalismo. A agência de inteligência nacional avisou que quem incitar à violência pode enfrentar acusações.
Consequentemente, as autoridades policiais informaram que, na sequência dos tumultos, 62 pessoas foram detidas na província de KwaZulu-Natal e Gauteng, onde se situam Joanesburgo e a capital, Pretória.
O Presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, reagiu no sábado à agitação e apelou à calma. Ramaphosa, que é também presidente do ANC, no poder na África do Sul desde 1994, disse que “o impacto da violência pública contra a indústria do transporte rodoviário de carga e a destruição das auto-estradas que servem de artérias económicas afectarão também aqueles que organizam e cometem este tipo de crimes”.
“O Presidente Cyril Ramaphosa apelou às comunidades no KwaZulu-Natal para que desistissem de minar o Estado de direito e infligir danos à economia”, lê-se no comunicado divulgado na página oficial da presidência na Internet.