Variantes do coronavírus ameaçam recuperação global, avisa G20

Grupo dos 20 países mais ricos do mundo diz que a retoma “continua exposta a riscos, em particular a propagação de novas variantes” e “diferentes ritmos de vacinação”. O chefe da diplomacia da União Europeia afirma que “o mundo como um todo” não vai superar a pandemia antes de 2023.

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ANDREA MEROLA/epa

As novas variantes do coronavírus e o fraco acesso às vacinas nos países em desenvolvimento ameaçam a recuperação económica global, alertaram no sábado os ministros das Finanças das 20 maiores economias do mundo.

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As novas variantes do coronavírus e o fraco acesso às vacinas nos países em desenvolvimento ameaçam a recuperação económica global, alertaram no sábado os ministros das Finanças das 20 maiores economias do mundo.

O comunicado final do encontro do G20 em Veneza, Itália, diz que as perspectivas económicas globais melhoraram desde a reunião anterior do grupo, em Abril, graças às campanhas de vacinação e aos pacotes de apoio económico lançados pelos governos e pela União Europeia. Porém, essa retoma é ainda frágil face ao desafio colocado por variantes altamente transmissíveis como o Delta. Esta variante representa a larga maioria dos casos da quarta vaga da pandemia em Portugal e também é dominante noutros países da Europa.

“A recuperação caracteriza-se por grandes divergências entre países e dentro de cada país e continua exposta a riscos, em particular a propagação de novas variantes do vírus que provoca a covid-19 e diferentes ritmos de vacinação”, lê-se no comunicado. 

Em África, por exemplo, a progressão da variante Delta e a falta de vacinas estão a levar vários países a um “cenário indiano”, com hospitais sem capacidade e falta de oxigénio.

As nações do G20 prometeram utilizar todos os instrumentos políticos para combater a covid-19, mas também houve acordo para evitar a imposição de novos confinamentos e medidas restritivas.

“Todos concordamos que devemos evitar introduzir novamente qualquer restrição à circulação de cidadãos e ao modo de vida das pessoas”, disse a ministra da Economia italiana Daniele Franco, cujo país detém a presidência rotativa do G20 até Dezembro.

O comunicado, embora sublinhe o apoio à “partilha global equitativa” de vacinas, não propôs medidas concretas, limitando-se a reconhecer uma recomendação de aplicar 50 mil milhões de dólares no financiamento de novas vacinas pelo Fundo Monetário Internacional, Banco Mundial, Organização Mundial da Saúde e Organização Mundial do Comércio.

No encontro de Veneza, o G20 chegou a acordo sobre a implementação de um novo mecanismo tributário para as empresas multinacionais, que vai abranger 130 países e jurisdições, e que pretende travar o desvio de impostos para países com tributação mais baixa ou para os chamados “paraísos” fiscais.

Mundo “não vai superar a pandemia antes de 2023”

O chefe da diplomacia da União Europeia, Josep Borrell, disse este sábado que “o mundo como um todo” não vai superar a pandemia antes de 2023.

A Europa está a “sair do túnel”, mas a situação ainda é difícil na América do Sul, África e Índia, disse Borrel. “O mundo como um todo não vai superar o vírus até 2023. Perante nós está uma longa luta contra a pandemia”, afirmou, de acordo com a televisão pública croata HRT, no XIV Fórum de Dubrovnik, dedicado ao impacto da pandemia nas relações geoestratégicas e na economia global.

Borrell dirigia-se aos ministros dos Negócios Estrangeiros de dez países da Europa Central e dos Balcãs – Albânia, Croácia, República Checa, Eslováquia, Eslovénia, Grécia, Letónia, Macedónia do Norte, Malta e Montenegro e outros diplomatas.

O alto representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros considerou que a pandemia de covid-19 vai deixar um mundo diferente, mais digital e com novas desigualdades.

“Todos estamos cientes das consequências futuras, mas também da solução para a crise provocada pela pandemia, que é a vacinação”, disse.

Borrell defendeu a doação de vacinas a países pobres para impulsionar o desenvolvimento económico, bloqueado pela pandemia, lembrando os alertas da ONU de que a falta de remédios em algumas regiões significará diferenças na recuperação e mais instabilidade no mundo.