Perspectivas de ensinar e aprender
Saber, e saber fazer, necessitam de estratégias que envolvam métodos e técnicas essenciais para atingir os objectivos da aprendizagem, escolhendo formas agradáveis e eficientes, estimulando capacidades e novas competências.
Em recente entrevista, o ministro do Ensino Superior afirma “os estudantes precisam de passar menos horas a ouvir o professor e mais horas a participar”. Assim, sugere uma redução da carga lectiva semanal, em linha com os países anglo-saxónicos, onde há menos aulas teóricas, puramente expositivas e facilitadoras da passividade dos alunos.
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Em recente entrevista, o ministro do Ensino Superior afirma “os estudantes precisam de passar menos horas a ouvir o professor e mais horas a participar”. Assim, sugere uma redução da carga lectiva semanal, em linha com os países anglo-saxónicos, onde há menos aulas teóricas, puramente expositivas e facilitadoras da passividade dos alunos.
Concordo que, quem ensina, não deve aceitar o marasmo da indiferença, a falta de motivação dos discentes, pelo contrário, ensinar implica uma acção recíproca, trocas de comunicação, tendo em conta o desenvolvimento intelectual e os objectivos que se pretendem com os conteúdos do ensino.
Assim, ensinar envolve o recurso à vida em equipa, grupos de trabalho onde docentes e discentes se reconheçam, aceitando diferenças de compreensão entre os alunos, face aos objectivos previamente propostos. Saber, e saber fazer, necessitam de estratégias que envolvam métodos e técnicas essenciais para atingir os objectivos da aprendizagem, escolhendo formas agradáveis e eficientes, estimulando capacidades e novas competências.
Só quem aprende se torna apto a ensinar, estimulando a cognição e a destreza dos outros, desenvolvendo-se a si próprio no saber, fazer e comunicar.
Quem ensina, deve procurar uma relação empática com os discentes, fomentando o relacionamento interpessoal, insistindo na estimulação, na sedução se assim for necessário. Ensinar com prazer, deve apurar métodos pedagógicos inovadores, permitindo partilhar e assimilar conhecimentos, experiências e destreza na resolução de problemas, respondendo, assim, às necessidades efectivas dos alunos.
Contudo, esta cooperação entre docentes e discentes, tem de ser entendida no papel de cada um, o fornecimento de conteúdos pelo docente, a competência adquirida pelo discente. Esta última, será conseguida pelo aluno de acordo com a sua motivação, inteligência e capacidade receptiva e assimilativa. Ensinar e aprender são aventuras em que os envolvidos oferecem e recebem, homogenizando o gosto e a responsabilidade pelo sucesso.
Há um provérbio chinês que exemplifica bem o sucesso de ensinar e aprender: “conta-me algo e irei esquecer, mostra-me algo, talvez me venha a lembrar, envolve-me na discussão e eu irei compreender”. Significa, assim, que os estudantes devem ter uma participação activa no evoluir do conhecimento. Mais, ainda, o docente deve escolher os métodos precisos para que as tarefas de ensino estejam claramente ligadas aos objectivos da aprendizagem.
São vários os artigos recentes sobre “active learning”, métodos que pretendem fundir o rigor do ensino com a eficiência da aprendizagem. Ensinar é, sem dúvida, tarefa complicada e multifacetada. Para alguns é um prazer, talvez uma paixão, para outros uma obrigação que não permite escolhas.