Líbano está a dias da “explosão social”, avisa primeiro-ministro

Apelo desesperado foi feito num encontro com embaixadores e representantes das missões diplomáticas em Beirute. É preciso “salvar os libaneses da morte e prevenir o desaparecimento do Líbano”, disse Diab.

Fotogaleria

O primeiro-ministro do Líbano, demissionário há quase um ano, avisou que o país está à beira da “explosão social”, apelando ao mundo para salvar os libaneses enviando mais ajuda, apesar da demora das várias facções e grupos políticos em formar um novo governo.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

O primeiro-ministro do Líbano, demissionário há quase um ano, avisou que o país está à beira da “explosão social”, apelando ao mundo para salvar os libaneses enviando mais ajuda, apesar da demora das várias facções e grupos políticos em formar um novo governo.

“Enquanto estamos aqui reunidos, as ruas do Líbano estão cheias de carros em fila em postos de gasolina. E há pessoas nas farmácias à procura de medicamentos e de uma lata de leite para bebé. Dentro das suas casas, os libaneses estão a viver sem electricidade”, descreveu Hassan Diab, que discursava num encontro com embaixadores e representantes das missões diplomáticas em Beirute.

Diab, demissionário desde a explosão no porto da capital que fez 200 mortos e 300 mil desalojados, em Agosto de 2020, fez este discurso uma semana depois de a ONU ter alertado que a diminuição dos subsídios aos combustíveis pode causar uma “catástrofe social” no país.

Quando se multiplicam as discussões (e até os confrontos) nas filas para abastecer, Diab pareceu estar a fazer um aviso sobre mais tensões sociais e potenciais distúrbios. “O Líbano está a dias da explosão social. Os libaneses enfrentam este destino sombrio sozinhos”, afirmou.

Segundo Diab, fazer depender a assistência ao Líbano dos avanços nas reformas e no combate à corrupção tornou-se uma “ameaça às vidas dos libaneses” e à estabilidade do país.

Em Junho, o alto representante para a Política Externa e Segurança da União Europeia acusou os dirigentes libaneses de serem os responsáveis da crise política e económica. Depois de um encontro com o Presidente, Michel Aoun, e com o primeiro-ministro designado Saad Hariri (chamado a formar governo em Outubro), Josep Borrel avisou ainda os políticos para a possibilidade de serem alvo de sanções se continuarem a bloquear a formação do novo executivo e a posta em prática de reformas.

“Através de vocês, apelo aos reis, príncipes, presidentes e líderes de países fraternos e amigos, e peço às Nações Unidas e a todos os organismos internacionais, à comunidade internacional e à opinião pública global para ajudarem a salvar os libaneses da morte e prevenir o desaparecimento do Líbano”, disse Diab aos diplomatas.

Pelo menos metade da população libanesa terá caído na pobreza com a actual crise, que começou meses antes da dupla explosão no porto da capital. Em Junho, a libra libanesa atingiu recordes de quase 16.000 por dólar, quando o câmbio se fazia a 1500 libras há 18 meses, ao mesmo tempo que as reservas de moeda estrangeira do banco central caíam para níveis críticos e os libaneses enfrentam uma escassez crescente de bens essenciais.

O mês passado, o Banco Mundial disse que a crise financeira e económica no Líbano é uma das piores depressões da história moderna, podendo ser considerada uma das três crises mais graves desde meados do século XIX.