Estudo alerta para crescimento exponencial de casos e mortes em Moçambique

Instituto Tony Blair prevê que a terceira onda da pandemia covid-19 em África seja pior do que a anterior registada em Janeiro.

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A sobrecarrega dos sistemas de saúde é um dos principais riscos deste aumento LUSA/RICARDO FRANCO

Moçambique foi o país com maior crescimento de casos de covid-19 nas últimas duas semanas em África, continente que enfrenta uma “tempestade perfeita” devido à variante Delta, alertou esta terça-feira o antigo primeiro-ministro britânico, Tony Blair.

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Moçambique foi o país com maior crescimento de casos de covid-19 nas últimas duas semanas em África, continente que enfrenta uma “tempestade perfeita” devido à variante Delta, alertou esta terça-feira o antigo primeiro-ministro britânico, Tony Blair.

No estudo A Tempestade Perfeita de África do Instituto Tony Blair sobre o progresso da pandemia de covid-19 na África, os autores dizem que o final de Junho marcou a sétima semana consecutiva de crescimento exponencial de casos em toda a África, que aumentaram quase 200% em Junho. 

Dos países que registaram um crescimento nas últimas duas semanas, Moçambique foi o pior, com um aumento de 172%, seguindo pelo Ruanda (138%), Maláui (110%), Nigéria (86%), Gana (51%) e África do Sul (38%).

A mortalidade também aumentou no mesmo período, com destaque para a Libéria (380%), Ruanda (217%), Quénia (202%) e Moçambique (186%).

A esta velocidade e dimensão, estimam, a terceira onda da pandemia covid-19 em África será pior do que a anterior registada em Janeiro, arriscando sobrecarregar os sistemas de saúde. 

“Há agora uma necessidade absolutamente urgente e vital para o mundo aumentar o fornecimento de vacinas para a África. Sabemos todas as razões pelas quais as vacinas prometidas não foram entregues. Mas quanto mais tempo esta situação inaceitável persistir, não apenas África mas todo o mundo estará em risco”, vinca Blair no prefácio ao estudo publicado hoje. 

Além da necessidade de aumentar a importação de vacinas, incluindo fora do programa Covax da Organização Mundial de Saúde, Blair disse que os governos africanos precisam de reforçar campanhas para incentivar as populações a aceitar a imunização.

“As campanhas dos governos de África para informar as suas populações sobre as vacinas devem ser acompanhadas por maior clareza e coordenação dos países ricos em vacinas, cujas mensagens confusas sobre os riscos das vacinas aprovadas e a falta de respostas regulatórias concertadas atearam as chamas da hesitação em todo o mundo”, enfatiza. 

No estudo, os autores fazem uma série de recomendações para os governos africanos tomarem em resposta ao aumento de casos, aumento da mortalidade e falta de vacinas, incluindo a realização de testes em grande escala, implementação de medidas de saúde pública e aumento da produção local de equipamentos médicos.

Mais de 36.000 casos diários foram registados nos últimos sete dias, um recorde no continente desde o início da pandemia, de acordo com uma contagem da AFP a partir de relatórios oficiais.

Entre os países com mais de mil infecções diárias, os principais aumentos foram observados no Zimbabué, Tunísia e África do Sul, onde se concentram mais da metade dos novos casos detectados no continente.

África registou 146.441 mortos devido à covid-19, totalizando 5.669.873 casos desde o início da pandemia, segundo dados emitidos esta segunda-feira pelo Centro de Controlo e Prevenção de Doenças da União Africana (África CDC).

Segundo a organização regional, África soma também 4.924.099 recuperações desde o primeiro caso registado no continente, no Egipto, em 14 de Fevereiro de 2020.