“Parecia uma bomba”: desabamento de edifício em Belém faz dois feridos
Uma das vítimas encontrava-se em estado grave, mas estava “consciente e cooperante” e não corria perigo de vida. O outro trabalhador teve ferimentos ligeiros. O alerta para o desabamento foi dado perto das 16h e as causas estão ainda por apurar.
O desabamento de parte de um edifício na Rua da Fábrica Carp, em Belém, Lisboa, provocou esta terça-feira ferimentos em dois trabalhadores da construção civil. Um destes ficou soterrado durante cerca de uma hora na sequência da derrocada, acabando por ser resgatado e receber assistência médica, confirmou ao PÚBLICO fonte do Regimento de Sapadores Bombeiros de Lisboa. O homem que acabou por ficar soterrado estaria dentro de uma das máquinas que operavam no sítio. Uma vizinha relata que o estrondo sentido “parecia uma bomba”.
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O desabamento de parte de um edifício na Rua da Fábrica Carp, em Belém, Lisboa, provocou esta terça-feira ferimentos em dois trabalhadores da construção civil. Um destes ficou soterrado durante cerca de uma hora na sequência da derrocada, acabando por ser resgatado e receber assistência médica, confirmou ao PÚBLICO fonte do Regimento de Sapadores Bombeiros de Lisboa. O homem que acabou por ficar soterrado estaria dentro de uma das máquinas que operavam no sítio. Uma vizinha relata que o estrondo sentido “parecia uma bomba”.
Em declarações aos jornalistas no local, o tenente-coronel dos Sapadores, Tiago Lopes, adiantou que este trabalhador, de 44 anos, foi encaminhado para o hospital São Francisco Xavier. Estava “consciente e cooperante” e não corria risco de vida.
O outro homem envolvido no incidente, com 66, foi transportado para o mesmo hospital com “escoriações ligeiras” na face e nos membros. De acordo com Tiago Lopes, este trabalhador foi facilmente socorrido, sendo que o que se encontrava soterrado foi o que envolveu “mais esforços”.
Segundo o site da Autoridade Nacional de Emergência e Protecção Civil (ANEPC), o alerta para o desabamento foi dado perto das 16h. No local estiveram presentes o INEM, os Bombeiros Sapadores de Lisboa e a Polícia de Segurança Pública, o que se traduziu em cerca de 24 operacionais e seis veículos.
Pelas 18h entraram em acção dois cães de resgate do Regimento de Sapadores. Segundo o tenente-coronel a “despistagem” realizada no local era apenas preventiva, tendo como objectivo garantir a inexistência de pessoas nos escombros.
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Tiago Lopes avançou que a acção iria ser feita em duas fases. Numa primeira fase um dos animais verificou a existência de sinais de vida e depois, num segundo varrimento, um novo cão voltou a verificar os escombros. Para o tenente-coronel, este procedimento levado a cabo por "questões de segurança” é essencial para “ficar com a consciência tranquila”. Antes da equipa cinotécnica iniciar o varrimento não havia qualquer suspeita de outros envolvidos no acidente.
Tal suspeita veio a confirmar-se uma hora depois. Consequentemente, o assunto passou para as entidades competentes, nomeadamente a Câmara Municipal de Lisboa e a Autoridade para as Condições de Trabalho (ACT), cujos elementos estavam já presentes no local.
Nuvem de pó
De acordo com o tenente-coronel, e posteriormente confirmado pelo PÚBLICO, não caiu apenas parte de uma das empenas do prédio, mas também “parte do miolo”, mantendo-se as causas ainda por apurar.
Ao PÚBLICO não foram adiantadas informações acerca do número de trabalhadores que estariam presentes no local aquando do desabamento mas uma vizinha, Clarinda Antunes, afirma que “pelo menos dois” trabalhadores (além dos dois socorridos) estavam presentes.
Clarinda vive há 64 anos no prédio em frente e nunca tinha apanhado um susto tão grande. A idosa estava prestes a sair de casa quando ouviu o estrondo: “Estava a começar a descer as escadas e de repente ouvi o barulho. Fiquei logo aflita! Não sabia se havia de descer ou ficar parada... Parecia uma bomba”.
Acabou por descer as escadas e quando chegou à rua “havia golfadas de terra no ar, ficou tudo branco”, relembra. Rapidamente percebeu que o barulho vinha da obra do prédio em frente ao seu. Inicialmente Clarinda não o percebera porque a parte que ruiu foi “a parte que fica para as traseiras. A parte da frente não se mexeu”, explica.
Clarinda, que gosta de passar o dia à janela, relembra que no dia anterior o dono visitou o prédio, que estava já visivelmente danificado. Era nessa mesma janela que estava quando viu dois trabalhadores a fugir.
“Estava tudo cheio de terra, não se via nada e de repente quando olhei para a janela [do prédio em frente] vejo umas pernas”, começa por contar. Pouco tempo depois, saíram dois homens - um a seguir ao outro - por uma janela, agarrando os cabos disponíveis para poder descer. Clarinda refere que “saíram, agarraram-se aos cabos e à varanda do lado, e depois saltaram cá para baixo. Correu bem”, afirma. Alguns minutos mais tarde “apareceram as ambulâncias e os bombeiros, mas eles já tinham saído”. Com José Volta e Pinto
Texto actualizado às 20h20.