Pedri, o novo “maestro” da ilusão espanhola

Com apenas 18 anos, o adolescente nascido em Tenerife é o mais jovem a jogar pela Espanha numa grande competição internacional e já é imprescindível para Luis Enrique e para Ronald Koeman.

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Reuters

O jogo desta noite frente à Itália, nas meias-finais do Euro 2020, até pode inverter a imagem insípida que o futebol espanhol tem deixado, mas, mais do que ter apenas quatro empates e uma vitória em cinco partidas, três delas tendo o conforto de jogar em Sevilha, o pecado da equipa de Luis Enrique tem sido um plano de jogo que se tem revelado pouco objectivo no ataque e permeável a defender. Porém, aconteça o que acontecer em Wembley, o futebol espanhol vai sair da prova com um novo “maestro”, que já mostrou ser capaz de recuperar a ilusão espanhola. Com apenas 18 anos, Pedri tem dado o toque de qualidade que mantém “la roja” na rota do “tetra”.

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O jogo desta noite frente à Itália, nas meias-finais do Euro 2020, até pode inverter a imagem insípida que o futebol espanhol tem deixado, mas, mais do que ter apenas quatro empates e uma vitória em cinco partidas, três delas tendo o conforto de jogar em Sevilha, o pecado da equipa de Luis Enrique tem sido um plano de jogo que se tem revelado pouco objectivo no ataque e permeável a defender. Porém, aconteça o que acontecer em Wembley, o futebol espanhol vai sair da prova com um novo “maestro”, que já mostrou ser capaz de recuperar a ilusão espanhola. Com apenas 18 anos, Pedri tem dado o toque de qualidade que mantém “la roja” na rota do “tetra”.

Nasceu na ilha canária de Tenerife, tal como outro Pedro (Rodríguez) que fez carreira no Barcelona e na selecção espanhola, mas, ao contrário ao actual jogador da Roma, de José Mourinho, Pedro González López não tem no currículo o selo de qualidade de uma passagem por La Masia, a academia do Barcelona.

Após dar os primeiros toques no modesto Tegueste, o clube do município onde nasceu, Pedri bateu à porta do “gigante” da ilha, mas, numa história tantas vezes repetida no início da carreira de muitos dos mais talentosos jogadores do futebol mundial, viu a sua entrada no Tenerife ser travada pelo seu pequeno porte físico.

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Pedri no Juventud Laguna La Liga

A rejeição não retirou a ambição ao jovem e Pedri encontrou no Juventud Laguna a oportunidade de se mostrar: três anos no clube de Santa Cruz de Tenerife permitiram-lhe dar o salto aos 15 anos para o Las Palmas, onde a ascensão foi meteórica. A 15 de Julho de 2019, apenas um ano depois de chegar ao clube, Pedri assinou um contrato profissional de quatro anos e foi promovido à equipa principal. No mês seguinte, com 16 anos, nove meses e 23 dias, o médio estreava-se na II Liga espanhola.

Quando a época 2019-20 acabou, apesar da idade, Pedri era o jogador mais utilizado da equipa, com mais de dois mil minutos, quatro golos e sete assistências, e já tinha contrato assinado com o Barcelona, que se antecipou ao Real Madrid – os catalães pagaram cinco milhões, mas o acordo prevê que o Las Palmas possa receber mais dez milhões, caso Pedri atinja alguns objectivos.

No entanto, para Pepe Mel, o treinador que o lançou no Las Palmas, “o Barcelona fez um excelente investimento”. Há cerca de um ano, pouco antes de Pedri se apresentar na Catalunha, Mel definiu o jovem jogador como um médio que “trabalha muito bem nos espaços vazios”, que sabe “jogar por dentro” ou ir “até a linha de fundo”, que “entende o que precisa fazer para ter superioridade numérica em certas áreas do campo”, que sabe como “facilitar o jogo para seus companheiros” com “aquele passe que quebra as linhas e abre espaços numa defesa, com poucos toques na bola”. “Mesmo com 16 anos e tendo jogado poucos minutos no futebol profissional, consegue ver, de cabeça erguida, todas as opções que tem, e escolhe sempre a melhor. Pode jogar várias posições, mas fica mais confortável no lado esquerdo - como Andres Iniesta. É muito parecido com Iniesta, na verdade. Vai encaixar perfeitamente no Barcelona.” 

As palavras do seu antigo treinador podiam ter sido um fardo para Pedri e muitos adeptos do Barcelona terão franzido o sobrolho face a tanta qualidade, que incluía uma sempre perigosa comparação com um jogador que continua a deixar saudades em Camp Nou. Porém, Pedri não demorou muito a convencer tudo e todos, mesmo o novo treinador, que não teve pudor em admitir que não o conhecia.

“Dizem que deve ser o novo Laudrup, o novo Iniesta. Mas não o conheço. Veremos. Dizem que é o maior talento de toda a Espanha”, afirmou Ronald Koeman no dia em que fez o primeiro treino como treinador do Barcelona. Alguns meses mais tarde, já rendido ao talento de Pedri, que terminou a primeira época em Camp Nou com 52 jogos, Koeman respondeu às sucessivas comparações do médio com Xavi e Iniesta com uma pergunta: “Onde estavam eles com esta idade?”

E a verdade é que Pedri, aos 18 anos, está para “la roja” como esteve Iniesta quando liderou a Espanha às conquistas do Euro 2008 e 2012, ou Mundial 2010 - o actual jogador do Vissel Kobe tinha 22 anos quando, em 2006, se estreou pela selecção espanhola.

Tendo ao seu lado, como Iniesta teve, Sergio Busquets, Pedri já se tornou no jogador mais jovem a vestir a camisola da “roja” numa grande competição, mas já é muito mais do que isso. Hoje, é um dos “intocáveis” para Luis Enrique e pelos seus pés vai passar muito da esperança espanhola em Wembley. Como anular o seu talento, será um dos quebra-cabeças que Roberto Mancini terá para resolver.